quarta-feira, 29 de julho de 2009

SOCIOLOGIA: ANARQUISMO





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Anarquismo

Anarquismo (do grego ἀναρχος, transl. anarkhos, que significa "sem governantes" a partir do prefixo ἀν-, an-, "sem" + ἄρχή, arkhê, "soberania, reino, magistratura" + o sufixo -ισμός, -ismós, da raiz verbal -ιζειν, -izein) é uma filosofia política que engloba teorias, métodos e ações que objetivam a eliminação total de todas as formas de governo compulsório. De um modo geral, anarquistas são contra qualquer tipo de ordem hierárquica que não seja livremente aceita e, assim, preconizam os tipos de organizações libertárias.
Anarquia significa ausência de coerção e não a ausência de ordem. A noção equivocada de que anarquia é sinônimo de caos se popularizou entre o fim do século XIX e o início do século XX, através dos meios de comunicação e de propaganda patronais, mantidos por instituições políticas e religiosas. Nesse período, em razão do grau elevado de organização dos segmentos operários, de fundo libertário, surgiram inúmeras campanhas antianarquistas. Outro equívoco banal é se considerar anarquia como sendo a ausência de laços de solidariedade (indiferença) entre os homens. Isso, segundo teóricos, ocorre em virtude de atos individuais, extremos e isolados de violência serem vinculados a anarquistas ou ao próprio Anarquismo - na maioria das vezes, deliberadamente. À ausência de ordem - idéia externa aos princípios anarquistas -, dá-se o nome de "anomia".
Passando da conceituação do Anarquismo à consolidação dos seus ideais, existe uma série de debates em torno da forma mais adequada para se alcançar e se manter uma sociedade anárquica. Eles perpassam a necessidade ou não da existência de uma moral anarquista, de uma plataforma organizacional, questões referentes ao determinismo da natureza humana, modelos educacionais e implicações técnicas, científicas, sociais e políticas da sociedade pós-revolução. Nesse sentido, cada vertente do Anarquismo tem uma linha de compreensão, análise, ação e edificação política específica, embora todas vinculadas pelos ideais-base do Anarquismo. O que realmente varia, segundo os teóricos, são as ênfases operacionais.
Principais conceitos anarquistas

Princípio da não-doutrinação

Proudhon e seus filhos, por Gustave Courbet, 1865
Este conceito anarquista, embora não constitua a didática primária à compreensão libertária, é digno de uma abordagem rápida.
Os anarquistas acreditam no desenvolvimento heterodoxo do pensamento e do ideário libertário como um todo, não idolatrando nem privilegiando qualquer escritor ou teórico desta vertente de estudos. George Woodcock descreve com aptidão esse posicionamento libertário:
“Toda a posição do anarquismo é completamente diferente de qualquer outro movimento socialista autoritário. Ela tolera variações e rejeita a idéia de gurus políticos ou religiosos. Não existe um profeta fundador a quem todos devam seguir. Os anarquistas respeitam seus mestres, mas não os reverenciam, e o que distingue qualquer boa compilação que pretenda representar o pensamento anarquista é a liberdade doutrinária com que os autores desenvolveram idéias próprias de forma original e desinibida.”
Anarquismo não é doutrina, não é religião, portanto não reverencia nenhuma espécie de livros ou obras culturais, nem linhas metodológicas rígidas, o que o definiria infantilmente enquanto ciência constituída. As obras concernentes ao anarquismo são, no máximo, fontes de experiências delimitadas histórica e conjunturalmente, passíveis de infinitas adaptações e interpretações pessoais.
Em síntese, o anarquismo é convencionado entre os libertários como sendo a emergência de um sentimento puro, sob o qual cada adepto deve desenvolver dentro de si mesmo o seu próprio instrumental intelectual para legitimá-lo e, mais do que isso, potencializá-lo abstracional e concretamente.
Socialismo Libertário: uma ótica anarquista
Os anarquistas auto-denominados socialistas libertários vêem qualquer governo como a manutenção do domínio de uma classe social sobre outra. Compartilham da crítica socialista ao sistema capitalista em que o Estado mantém a desigualdade social através da força, ao garantir a poucos a propriedade privada sobre os meios de produção, mas estendem a crítica aos socialistas que advogam a permanência de um Estado pós-revolucionário para garantia e organização da "nova sociedade". Tal Estado, ainda que proletário, somente faria permanecer antigas estruturas de dominação de uma parcela da população sobre a outra, agora sob nova orientação ideológica.
Esta teoria defende um sistema socialista em que os meios de produção sejam socializados e garantidos a todos os que nela trabalham. Neste sistema, não haveria necessidade de autoridades ou governos uma vez que a administração da vida social, objetivando a garantia plena da liberdade, só poderia ser exercida por aqueles que a compõem e a tornam efetiva, seja na agricultura, na indústria, no comércio, na educação e outras esferas da sociedade.
A sociedade seria gerida por associações democráticas, formadas por todos, e agrupando-se livremente, ou seja, com entrada e saída livre, em cooperativas e estas em federações.
A tradição socialista libertária teve a sua origem entre os séculos XVIII e XIX. Talvez o primeiro anarquista (embora não tenha usado o termo em nenhum momento) tenha sido William Godwin, inglês, que escreveu vários panfletos defendendo uma educação sem a participação do Estado, observando que este tornava as pessoas menos propensas a ver a liberdade que lhes era retirada. O primeiro a se auto-intitular anarquista e a defender claramente uma visão socialista libertária, foi Joseph Proudhon. Mikhail Bakunin também foi um defensor do socialismo libertário, polemizando com Karl Marx e Friedrich Engels na primeira Associação Internacional de Trabalhadores (AIT). Mais tarde, apareceram importantes figuras do anarquismo, como Élisée Reclus, Piotr Kropotkin, Errico Malatesta e Emma Goldman, cujas idéias foram muito populares na primeira metade do século XX.

A revolução social
Na ótica anarquista, a revolução social consistiria na quebra drástica, rápida e efetiva do Estado e de todas as estruturas, materiais e não-materiais, que o regiam ou a ele sustentavam. Este princípio é primordial na diferenciação da vertente de pensamentos libertária em relação a qualquer outra corrente ideária. É a diferença básica entre o Socialismo Libertário e o Socialismo Autoritário.
Sob a ótica do Marxismo, seria necessária a instrumentalização do Estado para a prossecução planejada, detalhada e gradativa da Revolução, sendo instituída a Ditadura do Proletariado para o controle operário dos meios de produção até a eclosão do Comunismo. Sob o ideário anarquista, a Revolução deve ser imediata, para não permitir que os elementos revolucionários possam ser corrompidos pela realidade estatal. De acordo com os libertários, a Ditadura do Proletariado nada mais é do que uma ditadura "de fato", continuando a exercer coerção, opressão e violência sobre a sociedade. Por isso, segundo os libertários, a Revolução Social deve ascender o mais rápido possível à Sociedade Anarquista, ao Comunismo puro, para, através dos princípios da Defesa da Revolução, não permitir a ressurreição do Estado.
Por fim, por intermédio do processo de destruição completa do Estado, sobre todas as suas formas, torna-se plenamente tangível a Liberdade, podendo o sujeito renovar de forma efetiva os seus princípios e preceitos humanistas.
Humanismo
Nos meios anarquistas, de forma geral, rejeita-se a hipótese de que o governo ou o Estado sejam necessários ou mesmo inevitáveis para a sociedade humana. Os grupos humanos seriam naturalmente capazes de se auto-organizarem de forma igualitária e não-hierárquica, mediante os progressos originados pela educação libertária. A presença de hierarquias baseadas na força, ao invés de contribuírem para a organização social, antes a corrompem, por inibirem essa capacidade inata de auto-organização e por dar origem à desigualdade.[carece de fontes?]
Desta forma, a partir da conscientização, aceitação e internalização da sua essência humana, idéia suprimida anteriormente pelo Estado, segundo os anarquistas, emerge naturalmente na sociedade humana o anseio pela ascensão da idéia-base de qualquer forma de vida real: a Liberdade.

Liberdade
A Liberdade é a base inconteste de qualquer pensamento, formulação ou ação anarquista, representando o elo sublime que conjuga de forma plena todos os anarquistas. Assim, entre os anarquistas, a Liberdade deixa apenas o plano abstracional (do pensamento) para ganhar uma funcionalidade prática, sendo o símbolo e a dinâmica do desenvolvimento humano real. Em outras palavras, o princípio básico para qualquer pensamento, ação ou sociedade ser definida como anarquista é que esteja imersa, tanto abstracionalmente (ideologicamente), quanto pragmaticamente (no âmbito das ações), no conceito de Liberdade. Liberdade física, de gênero, de pensamento, de ação, de expressão, de usufruto consciente dos recursos humanos, socias e naturais, de negociação e interação, de apoio mútuo, de relacionamento e vinculação sentimental, de fé e espiritualidade, de produção intelectual e material e de realização coletiva e pessoal.
Para a encarnação da Liberdade, no entanto, é necessária a erradicação completa de qualquer forma de autoridade.

Antiautoritarismo
O Antiautoritarismo consiste na repulsa e no combate total a qualquer tipo de hierarquia imposta ou a qualquer domínio de uma pessoa sobre a(s) outra(s), defendendo uma organização social baseada na igualdade e no valor supremo da liberdade. Tem como principais, mas não únicos, objetivos a supressão do Estado, da acumulação de riqueza própria do capitalismo (exceto os Anarco-capitalistas) e as hierarquias religiosas(exceto seguidores do Anarquismo cristão). O Anarquismo difere do Marxismo por rejeitar o uso instrumental do Estado para alcançar seus objetivos e por prever uma Revolução Social de caráter direto e incisivo, ao contrário da progressão sócio-política gradual - socialismo - rumo à derrubada do Estado - comunismo - proposta por Karl Marx.
De acordo com a corrente de pensamentos libertária, a supressão da autoridade é condicionada pela ação direta de cada indivíduo livre, prescindindo-se completamente de qualquer intermediário entre o seu objetivo, enquanto defensor da Liberdade, e a sua vontade.
Ação direta

Os anarquistas afirmam que não se deve delegar a solução de problemas a terceiros, mas antes, atuar diretamente contra o problema em questão, ou, de forma mais resumida, "A luta não se delega aos heróis". Sendo assim, rejeitam meios indiretos de resolução de problemas sociais, como a mediação por políticos e/ou pelo Estado, em favor de meios mais diretos como o mutirão, a assembléia (ação direta que não envolve conflito), a greve, o boicote, a desobediência civil (ação direta que envolve conflito), e em situações críticas a sabotagem e outros meios destrutivos (ação direta violenta).
No entanto, a Ação Direta, por si só, não garante a manutenção e a perpetuação das condições humanas básicas, tanto em termos estruturais, quanto no aspecto intelectual, necessitando de uma extensão operacional ilimitada a fim de fazer da força humana global uma só energia coletiva. Decerto, somente a solidariedade e o mutualismo máximos podem promover essa harmonia social.

Apoio mútuo

Os anarquistas acreditam que todas as sociedades, quer sejam humanas ou animais, existem graças à vantagem que o princípio da solidariedade garante a cada indivíduo que as compõem. Este conceito foi exaustivamente exposto por Piotr Kropotkin, em sua famosa obra "Mutualismo: Um Fator de Evolução". Da mesma forma, acreditam que a solidariedade é a principal defesa dos indivíduos contra o poder coercitivo do Estado e do Capital.
Mas, para que a solidariedade se torne uma virtude "de fato" é necessária a erradicação de qualquer fator de segregação ou discriminação humanas. Com esse objetivo, o internacionalismo se firma enquanto o princípio proeminente da integração sociolibertária.

Internacionalismo

Para os anarquistas, todo tipo de divisão da sociedade - em todos os apectos - que não possua uma funcionalidade plena no campo humano deve ser completamente descartada, seja pelos antagonismos infundados que ela gera, seja pela burocracia contraproducente que ela encarna na organização social, esterilizando-a. Logo, a idéia de "pátria" é negada pelos anarquistas.
Os libertários acreditam que as virtudes - bem como o exercer pleno delas - não devem possuir "fronteiras". Assim, acreditam que a natureza humana é a mesma em qualquer lugar do mundo, exigindo, independentemente do universo material ou cultural onde o ente humano esteja inserido , uma gama infinita de necessidades e cuidados. Em outras palavras: se a fragilidade do homem não tem fronteiras, por que estabelecer empecilhos ao seu auxílio?
Vale lembrar que o conceito libertário de internacionalismo se difere completamente do conceito que conhecemos - portanto, capitalista - de globalização. Globalização é a ampliação a nível mundial da difusão de produtos - ideológicos, culturais e materiais - de determinados segmentos capitalistas, visando à potencialização máxima da capacidade mercadológica dos agentes operantes - na maioria das vezes, as empresas e as grandes corporações -, sendo, para isso, desconsideradas parcial ou completamente todas as conseqüências humanas do processo, já que é a doutrina do "lucro máximo" que rege essas operações. Por outro lado, o internacionalismo, por se alijar completamente de todo o ideário capitalista, não possui nenhuma tenção lucrativa, capitalista, e não é permeado por estruturas privilegiadas de produção - como as indústrias capitalistas -, sendo regido pela solidariedade e mutualismo máximos.
Didaticamente, o internacionalismo pode ser definido como sendo a difusão global de "serviços" humanos, e a globalização como a difusão global de "hegemonias" mercadológicas.
A revolta enquanto substrato humano
A revolta - na noção anarquista, a força "humano-social", a oposição enérgica e incisiva contra qualquer forma de autoridade material ou abstrata - é marginalizada tanto no historicismo, nas compreensões da realidade baseadas em experiências passadas, quanto na sua operação no contexto subjetivo, da função dela na vida do indivíduo. Por ser uma força temida, quase sempre hermética e combatida em quaisquer culturas, a revolta é considerada e difundida como uma expressão artificial do ser humano, suscitada por fatos, por situações externas ao ser. Nesse sentido, segundo os teóricos libertários, uma das maiores características dos anarquistas é a compreensão da revolta enquanto um substrato humano, enquanto uma virtude absolutamente natural e efetivamente produtiva nos desenvolvimentos humano e social. Em outras palavras, para os anarquistas, a revolta é, assim como o amor, o afeto, a paz, a harmonia e a sabedoria, uma força imanente à própria mente humana. Para eles, o que define a efetividade da revolta é a forma como ela ultrapassa a sua condição abstrata, na mente de cada um, para se consolidar em ações, em transformação social.

A Sociedade Anarquista

Educação avançada: a base da coexistência harmoniosa
A questão persecutória por excelência entre os anarquistas no decorrer da história é: como seria possível uma Sociedade Anarquista se cada ser humano pensa de uma forma diferente.Não seria permeada por inúmeros conflitos, guerras, antagonismos?
A resposta a essa questão, defendida pela maior parte dos anarquistas, é a de que apenas o desenvolvimento virtuoso da educação (Pedagogia Libertária) – permeada pela autodidática, interesse natural, relativismo cultural e antidogmatismo – proveria as pessoas do desenvolvimento humano efetivo. Assim, embora os conflitos façam parte da Sociedade Anarquista – e a desenvolvam estruturalmente por essa relação dialética –, eles seriam transferidos do plano físico – como é o caso das guerras atuais – para o plano do diálogo – como prima a Democracia Direta –, sendo negociados de forma pacífica, consciente, racional e, acima de tudo, humana, já que o interesse, o calculismo, não estaria mais regendo as instâncias conflitivas. Em outras palavras, independentemente do resultado do embate, ninguém sairia em posição privilegiada.
Evidentemente, no caso de uma sociedade anarquista, também pode haver indivíduos que perturbem a harmonia social. Como a violência é uma forma pura de autoridade, de poder, o indivíduo que encarná-la em qualquer uma de suas ações, por qualquer que seja o motivo, não será considerado anarquista. Como a Sociedade Anarquista é uma sociedade de anarquistas e para anarquistas, os dissidentes seriam obrigados a garantir a sua subsistência onde a autoridade e a mesquinhez deles tivesse alguma funcionalidade.
Piotr Alexeevich kropotkin (1842 – 1921) defende que a Liberdade, em seu estado puro, em conjunto com a fraternidade, serviria como um verdadeiro "remédio" às pessoas, sanando os seus problemas mais nefastos, conseqüentemente, prescindindo-se de qualquer espécie de punição ou coerção. Esta idéia se aplica, num espectro mais amplo, até às questões relacionadas à existência de estruturas manicomiais, responsáveis, na sociedade capitalista, pelas torturas e maus-tratos aos estigmatizados pelo sistema como "doentes mentais".

Princípio da flexibilidade e naturalidade organizacionais
Os anarquistas, por intermédio da aceitação e compreensão da progressão materialmente dialética da história, em sua maioria, não acreditam que o estabelecimento de estruturas organizacionais rígidas possam promover um desenvolvimento humano efetivo. Assim, acreditam que a inflexibilidade organizacional - típica do sistema capitalista - termina por interferir deleteriamente, quando não suprimir, as faculdades individuais de cada ser humano. Por isso, os anarquistas acreditam que são as dificuldades e problemáticas humanas, materiais e sociais que devem prescrever o modelo temporário de organização, e não as inferências provenientes de abstrações técnicas. Em outras palavras, é a realidade concreta que deve definir as bases da organização da sociedade anarquista, em contrapartida com as situações imaginárias criadas pelos "técnicos", as quais, na maioria das vezes, tendem a ser manipuladas a favor de interesses parciais.
Com o objetivo de se potencializar de forma plena a coesão estrutural - material - necessária à Sociedade Anarquista, a fim de se promover a satisfação das necessidades humanitárias, houve a emergência do conceito de Federalismo Libertário.
Federalismo Libertário
Sendo uma ampliação funcional do princípio da “Ação Direta”, o federalismo libertário é o meio de organização proposto pela maior parte das vertentes anárquicas, desenvolvido, no âmbito anarquista, pela primeira pessoa a se intitular “anarquista”: Pierre-Joseph Proudhon (1809 - 1865). Esse conceito consiste na subdivisão organizacional temporária ou permanente da sociedade libertária – em federações, comunas, confederações, associações, cooperativas, grupos e qualquer outra forma de conjugação da força operacional humana – para a maior eficiência das interações humanas, sociais. Por intermédio do federalismo, de cunho libertário, seria possível uma intervenção rápida e direta do homem frente às problemáticas emergentes na sociedade anarquista. Nesse aspecto, Piotr Alexeevich Kropotkin (1842 – 1921) aludia didaticamente às federações como sendo "botes salva-vidas": ágeis no auxílio e versáteis frente às condições ou necessidades adversas.
Evidencia-se que o conceito de federalismo, no campo libertário, transcende o conceito atual de federalismo que conhecemos, deixando de representar apenas as associações de grande escala para adentrar no âmbito pessoal, abrangendo, inclusive, as relações interpessoais. Desta forma, o federalismo libertário se firma enquanto a máxima coesão entre o homem e a satisfação proficiente de suas necessidades.
O federalismo libertário se difere do federalismo estatal - como o que vigora no Brasil - por não ser concebido em meio a nenhuma relação de submissão e por ser regido, em sua completude, pelas necessidades humanas. Seriam sempre as problemáticas que definiriam e prescreveriam a organização, e não os interesses, sejam eles coletivos ou pessoais.
Com efeito, vários anarquistas já propuseram modelos mais elaborados de organização, de plataformas organizacionais, mas, como é a conjuntura e a naturalidade que devem definir a organização numa sociedade anarquista, elas são consideradas inferências, projetos divergentes, porém, todos unificados pelo conceito uno do federalismo libertário. Em outras palavras, o federalismo libertário é tido enquanto o germe de qualquer organização anarquista.

Responsabilidades: individual e coletiva
Na sociedade anarquista, a questão da responsabilidade é persecutória em qualquer pensamento acerca das relações entre os seus integrantes. Didaticamente, ela é dividida entre responsabilidade individual e responsabilidade coletiva - ambas totalmente coesas na prática.
Pela primeira, compreende-se a consciência individual encarnada em qualquer ação empreendida pelo indivíduo, de forma pessoal, subjetiva - embora com vistas ao benefício do coletivo. Assim, o anarquista possui seus deveres e obrigações em relação a toda a sociedade, agindo sempre de forma a progredi-la por completo.
Pela segunda, é convencionada a consciência coletiva emergente a partir de qualquer ação exercida por determinada seção operacional - grupo, associação, federação, etc. Uma determinada seção é responsável - em sua integridade - pelas suas ações desenvolvidas, estando suscetível aos seus resultados e, conseqüentemente, às possíveis reformulações ou reorientações.
Questões freqüentes aos anarquistas

A instrumentalização da violência

Poucos anarquistas defendem a violência contra indivíduos. Durante o fim do século XIX e início do século XX, o anarquismo era conhecido como uma ideologia que pregava os assassinatos e explosões, devido a ação de pessoas como o russo Nechaiev, o francês Ravachol e à influência dos meios de comunicação social da época. A maioria dos anarquistas acredita que a violência contra indivíduos é inútil, já que mantém intactas as relações sociais de exploração e as instituições que a mantêm. Entretanto, os anarquistas acreditam que o recurso à violência é inevitável como legítima defesa à violência do Estado ou de instituições coercivas. Anarquistas como Errico Malatesta e Emma Goldman publicaram célebres debates condenando o individualismo-terrorista de alguns anarquistas. Ambos autores consideraram a ação desses indivíduos inútil e mesmo daninha à causa anarquista, e que seus atos eram reações de desespero em face às injustiças sociais.
Entretanto, é inegável que foram praticados assassinatos políticos inspirados por anarquistas. Por exemplo, Leon F. Czolgosz confessou ter decidido assassinar o presidente William McKinley após assistir a uma palestra proferida por Emma Goldman. Estadistas como Humberto I da Itália, Elisabeth da Áustria e Marie François Sadi Carnot, presidente da França, foram assassinados por anarquistas italianos. Tudo isto aconteceu durante os últimos anos do século XIX e a primeira década do século XX. Outros atentados, como contra Alexandre III da Rússia e Carlos I de Portugal, foram erroneamente atribuídos a anarquistas, por generalização.
Existiram, no entanto, outros anarquistas, como Leon Tolstoi, que acreditavam que o caminho da anarquia era a não-violência.

Anomia
A idéia popular de anarquismo como absoluto caos e desordem, que os estudiosos chamam de anomia (ausência de normas) é rejeitada por todos os anarquistas tradicionais citados acima. Os anarquistas concebem os governos como as atuais fontes de desordens defendendo, portanto, que a sociedade estaria melhor ordenada sem a sua existência.
Esta convenção tem fortes conotações e historicamente tem sido usada como uma deficiência por grupos políticos contra seus oponentes, mais notavelmente os monarquistas contra os republicanos nos últimos séculos. Entretanto, a anomia tem sido abraçada por movimentos de contracultura.

Religião e espiritualidade


Cartum anarquista publicado em 1916 no jornal "A Lanterna"
O movimento anarquista não advoga em favor do ateísmo ou agnosticismo, mas em muitas ocasiões sua luta antiautoritária se estendeu ao anti-clericalismo. O problema, portanto, está na consolidação em forma institucional da fé religiosa, tornando-se um instrumento de exploração dos homens.
Desta forma, o que os anarquistas negam é a instituição "Igreja" em todas as suas formas, e não a Igreja enquanto templo de fé, pelos seguintes fatores:
– A sua conivência, conciliação e apoio à dominação capitalista – em especial, pela defesa da propriedade privada;
– Pela sua estrutura completamente vertical, a qual segrega o corpo religioso e toda a humanidade de forma a selecionar os beneficiados e os dignos dos poderes espirituais;
– Pelas intervenções em campos não espirituais, criando, por meio da doutrina fundamentalista, uma série de empecilhos ao desenvolvimento social e humano como um todo;
– Pelo processo de alienação do ser humano em relação à sua realidade, fazendo o indivíduo, muitas vezes, delegar a entes imaginários, espirituais, as transformações humanas que, na verdade, cabem a ele mesmo ajudar a promover.
Por fim, os anarquistas acreditam que o que cada um pensa ou crê, não importa ao próximo, desde que a Liberdade e todos os demais princípios anarquistas não sejam ofuscados de forma alguma.
Tecnologia
A tecnologia, em sua pureza, não é tratada como um mal em potencial pelos libertários - com exceção da corrente anarco-primitivista. Ela é ferrenhamente combatida em seus moldes capitalistas, já que, sob eles, não possui nenhuma, ou quase nenhuma, função humana ou social e, ademais, na maioria das vezes, chega a corromper drasticamente esses campos – como é o caso das guerras, da excessiva automação industrial, das políticas tecnocráticas, etc.
Em suma, a tecnologia é tida enquanto mais um instrumento de potencialidades humanas, podendo ter uma expressiva funcionalidade libertária – como nos campos da medicina, das comunicações, dos transportes, da segurança e desenvolvimento produtivo do trabalho, etc.
Porém, a corrente de pensamentos anarco-primitivista defende a aversão a qualquer forma de desenvolvimento tecnológico, advogando o retorno das condições pré-civilizatórias para um efetivo desenvolvimento humano.

Histórico dos movimentos anarquistas

O anarquismo desempenhou papéis significativos nos grandes conflitos da primeira metade do século XX. Durante a Revolução Russa de 1917, Nestor Makhno tenta implantar o anarquismo na Ucrânia, com apoio de várias comunidades camponesas, mas que acabam derrotadas pelo Estado bolchevique de Lênin.
Ver artigo principal: Revolução Ucraniana
Quinze anos depois, anarquistas organizados em torno de uma confederação anarco-sindicalista impedem que um golpe militar fascista seja bem sucedido na Catalunha (Espanha), e são os primeiros a organizar milícias para impedir o avanço destes na consequente Guerra Civil Espanhola. Durante o curso dessa guerra civil, os anarquistas controlaram um grande território que compreendia a Catalunha e Aragão, onde se incluía a região mais industrializada de Espanha, sendo que a maior parte da economia passou a ser autogestionada (autogerida).
Ver artigo principal: Revolução Espanhola
Após a Segunda Guerra Mundial, o movimento anarquista deixou de ser um movimento de massas, e perdeu a influência que tinha no movimento operário dos vários países europeus. Entretanto, continuaria a influenciar revoltas populares que se seguiram na segunda metade do século XX, como o Maio de 68 na França, o movimento anti-Poll tax no Reino Unido e os protestos contra a reunião da OMC em Seattle, nos Estados Unidos.

Anarquismo no Brasil

Talvez uma das primeiras experiências anarquistas do mundo, antes mesmo de ter sido criado o termo, tenha ocorrido nas margens da Baía de Babitonga, perto da cidade histórica de São Francisco do Sul. Em 1842 o Dr. Benoit Jules Mure, inspirado na teorias de Fourier, instala o Falanstério do Saí ou Colônia Industrial do Saí, reunindo os colonos vindos de França no Rio de Janeiro em 1841. Houve dissidências e um grupo dissidente, à frente do qual estava Michel Derrion, constituiu outra colônia a algumas léguas do Saí, num lugar chamado Palmital: a Colônia do Palmital.
Mure conseguiu apoio do Coronel Oliveira Camacho e do presidente da Província de Santa Catarina, Antero Ferreira de Brito. Este apoio foi-lhe fundamental para posteriormente conseguir a ajuda financeira do Governo Imperial do Brasil para seu projeto.
O anarquismo no Brasil ganhou força com a grande imigração de trabalhadores europeus entre fins do século XIX e início do século XX. Em 1889 Giovani Rossi tentou fundar em Palmeira, no interior do Paraná, uma comunidade baseada no trabalho, na vida e na negação do reconhecimento civil e religioso do matrimônio, (o que não significa, necessariamente, "amor livre"), denominada Colônia Cecília. A experiência teve curta duração.
No início do século XX, o anarquismo e o anarco-sindicalismo eram tendências majoritárias entre o operariado, culminando com as grandes greves operárias de 1917, em São Paulo, e 1918-1919, no Rio de Janeiro. Durante o mesmo período, escolas modernas foram abertas em várias cidades brasileiras, muitas delas a partir da iniciativa de agremiações operárias de inclinação anarquista.
Alguns acreditam que a decadência do movimento anarquista se deveu ao fortalecimento das correntes do socialismo autoritário, ou estatal, i.e., marxista-leninista, com a criação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1922 participada inclusivamente, por ex-integrantes do movimento anarquista que, influenciados pelo sucesso da revolução Russa, decidem fundar um partido segundo os moldes do partido bolchevique russo.
Porém, esta posição, sustentada por muitos historiadores, vem sendo contestada desde a década de 1970 por Edgar Rodrigues (anarquista português naturalizado no Brasil, pesquisador autodidata da história do movimento anarquista no Brasil e em Portugal), e pelos recentes estudos de Alexandre Samis que indicam que a influência anarquista no movimento operário cresceu mais durante este período do que no já fundado (PCB) e só a repressão do governo de Artur Bernardes, viria diminuir a influência das idéias anarquistas no seio do movimento grevista. Artur Bernardes foi responsável por campos de concentração e centros de tortura, nos quais morreram inúmeros libertários, sendo que o pior de tais campos foi o de Clevelândia, localizado no Oiapoque. Edgar Rodrigues apresenta em várias de suas obras as investidas de membros do PCB que, procurando transformar os sindicatos livres em sindicatos partidários e conquistar devotos às idéias leninistas, polemizavam em sindicatos e jornais, chegando a realizar atentados contra anarquistas que se destacavam no movimento operário brasileiro, durante a década de 1920.
Provavelmente devido aos problemas de comunicação resultantes da tecnologia da época, os anarquistas só terão compreendido a revolução russa de forma mais clara, a partir das notícias de célebres anarquistas, como a estadunidense Emma Goldman, que denunciara as atrocidades cometidas na Rússia em nome da ditadura do proletariado. Seria a partir deste momento histórico que se definiria a posição tática do anarquismo perante os socialistas autoritários no Brasil, separando a confusão ideológica que reinava em torno da revolução russa, identificada pelos anarquistas inicialmente como uma revolução libertária. Esta ideia seria depois desmistificada pelos anarquistas, que acreditam no socialismo sem ditadura, defendendo a liberdade e a abolição do Estado.
Para Rômulo Angélico, foi durante o governo de Getúlio Vargas que o anarco-sindicalismo recebeu seu golpe de morte, devido ao surgimento dos sindicatos controlados pelo Estado e as novas perseguições estatais. Até a primeira metade da década de 1930, no entanto, o anarquismo permaneceu a ideologia mais influente entre os operários brasileiros.
Durante o Regime Militar (1964-1985), as principais expressões anarquistas no Brasil foram o Centro de Estudos Professor José Oiticica, no Rio de Janeiro, o Centro de Cultura Social de São Paulo e o Jornal O Protesto no Rio Grande do Sul. Todos foram fechados no final da década de 1960, mas seus militantes continuaram se encontrando clandestinamente, publicando livros e se correspondendo com libertários de outros países. na década de 1970 surge na Bahia o jornal O Inimigo do Rei, impulsionando a formação de novos grupos anarquistas, atráves das editorias autogestionárias, em várias partes do Brasil. No Rio Grande do Sul, nos anos oitenta, cria-se na cidade de Caxias do Sul, o Centro de Estudos em Pesquisa Social - CEPS, voltado para o trabalho social. No ano de 1986, na cidade de Florianópolis, é realizada a Primeira Jornada Libertaria com o lançamento das bases para a reorganização da Confederação Operária Brasileira - COB/AIT e a organização dos anarquistas.
O anarquismo, mesmo com a repressão, renasce, em meio aos estudantes, intelectuais e trabalhadores.
Pode ser encontrado na internet um livro de Edgard Leuenroth "Anarquismo roteiro da libertação social" publicado na década de 60 pela editora mundo livre feita pelo CEPJO.
Anarquismo em Portugal

No final do século XIX dá-se o desenvolvimento de grupos anarquistas, que contribuíram para o derrube da monarquia em 1910. Com a Primeira República dá-se uma grande expansão e é fundada em 1919 a Confederação Geral do Trabalho, de tendência sindicalista revolucionária e anarco-sindicalista.
Consequentemente, com a instauração da Ditadura Militar em 1926, e com a ditadura de Salazar que se lhe seguiu, proíbe-se a actividade dos grupos anarquistas. Em 1933 a censura prévia é legalmente instituída. Os vários jornais anarquistas, incluindo “A batalha”, passam a ser clandestinos e a ser alvos de perseguições. Em 1938 dá-se o atentado no qual se tentou assassinar Salazar.[carece de fontes?]
Com o 25 de Abril de 1974 há um novo ressurgimento do movimento libertário, embora com uma expressão reduzida.

Anarquistas mais conhecidos


Noam Chomsky (1928–)

Internacionalmente conhecidos
(Lista organizada alfabeticamente)
Anselme Bellegarrigue
Benjamin Tucker (1854 - 1939), grande defensor do anarquismo individualista
Buenaventura Durruti (1896 - 1936), militante anarco-sindicalista espanhol, talvez o mais conhecido revolucionário anarquista do século XX.
Élisée Reclus (1830 - 1905), geógrafo francês.
Emma Goldman (1869 - 1940), anarco-sindicalista e principal teórica anarca-feminista
Errico Malatesta (1853 - 1932), anarquista italiano
Friedrich Nietzsche - (1844 - 1900), veja niilismo.
Henry David Thoreau, autor do livro chamado Desobediência Civil
Kate Sharpley - (1895 - 1978)
Leon Tolstói (1828 - 1910) , escritor russo, anarquista cristão.
Louise Michel (1833 - 1905), professora, militante anarquista e communard
Mary Wollstonecraft - (1759 - 1797), ativista libertária e precursora do feminismo
Max Stirner (1806 - 1856), anarquista individualista
Mikhail Bakunin (1814 - 1876), conhecido anarquista socialista
Noam Chomsky (1928 - ), lingüista, adepto do socialismo libertário
Pierre Joseph Proudhon (1809 - 1865), Considerado o 'pai' do anarquismo e do mutualismo anarquista
Piotr Kropotkin (1842 - 1921), anarquista-comunista
Ricardo Flores Magón (1873 - 1922), teórico mexicano, veja magonismo.
Rudolf Rocker (1873 - 1958), anarco-sindicalista
Voltairine de Cleyre (1866 - 1912)

Anarquistas brasileiros
(Lista organizada alfabeticamente)

Avelino Fóscolo (1864 — 1944)
Domingos Passos
Edgard Leuenroth (1888 - 1968)
Florentino de Carvalho (1889 - 1947)
José Oiticica - (1882 - 1957)
Maria Lacerda de Moura (1887 - 1945) - Anarquista Feminista
Maurício Tragtenberg

Anarquistas portugueses
(Lista organizada alfabeticamente)

António Gonçalves Correia, (1886 - 1967)
Neno Vasco (1878 - 1920)

origem:wilkipédia

SOCIOLOGIA:Política ,Acepções básicas





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No sentido comum, vago e às vezes um tanto impreciso, política, como substantivo ou adjetivo, compreende arte de guiar ou influenciar o modo de governo pela organização de um partido político, pela influência da opinião pública, pela aliciação de eleitores;
Na conceituação erudita, política "consiste nos meios adequados à obtenção de qualquer vantagem", segundo Hobbes ou "o conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados", para Russel ou "a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o governo", que é a noção dada por Nicolau Maquiavel, em O Príncipe;
Política pode ser ainda a orientação ou a atitude de um governo em relação a certos assuntos e problemas de interesse público: política financeira, política educacional, política social, política do café;
Numa conceituação moderna, política é a ciência moral normativa do governo da sociedade civil.
Outros a definem como conhecimento ou estudo “das relações de regularidade e concordância dos fatos com os motivos que inspiram as lutas em torno do poder do Estado e entre os Estados”.
A política é objeto de estudo da ciência política e da ciência social.

Significado clássico e moderno
O termo política, que se expandiu graças à influência de Aristóteles, para aquele filósofo categorizava funções e divisão do Estado e as várias formas de Governo, com a significação mais comum de arte ou ciência do Governo; desde a origem ocorreu uma transposição de significado das coisas qualificadas como político, para a forma de saber mais ou menos organizado sobre esse mesmo conjunto de coisas. O termo política foi usado, a seguir, para designar principalmente as obras dedicadas ao estudo daquela esfera de atividades humanas que se refere de algum modo às coisas do Estado: Política methodice digesta, exemplo célebre, é obra com que Johannes Althusius (1603) expôs uma das teorias da consociatio publica (o Estado no sentido moderno da palavra), abrangedo em seu seio várias formas de consociationes menores. Na época moderna, o termo perdeu seu significado original, substituído pouco a pouco por outras expressões como ciência do Estado, doutrina do Estado, ciência política, filosofia política, passando a ser comumente usado para indicar a atividade ou conjunto de atividades que, de alguma maneira, têm como termo de referência a pólis, ou seja, o Estado.
Política e poder
A política, como forma de atividade ou de práxis humana, está estreitamente ligada ao de poder. O poder político é o poder do homem sobre outro homem, descartados outros exercícios de poder, sobre a natureza ou os animais, por exemplo. Poder que tem sido tradicionalmente definido como "consistente nos meios adequados à obtenção de qualquer vantagem" (Hobbes) ou, como "conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados" (Russell).

Formas e origens do poder
São várias de formas de exercício de poder do homem sobre o homem; o poder político é apenas uma delas.

Concepção aristotélica
Para Aristóteles a distinção é baseada no interesse de quem se exerce o poder: o paterno se exerce pelo interesse dos filhos; o despótico, pelo interesse do senhor; o político, pelo interesse de quem governa e de quem é governado, tratando-se das formas corretas de Governo, nas demais o característico é que o poder seja exercido em benefício dos governantes.

Concepção jusnaturalista
O critério que acabou por prevalecer nos tratados do direito natural foi da legitimação, encontrado no cap. XV do Segundo tratado sobre o governo de Locke: o fundamento do poder paterno é a natureza, do poder despótico o castigo por um delito cometido, do poder civil o consenso. Estas justificação do poder correspondem às três fórmulas clássicas do fundamento da obrigação: ex natura, ex delicio, ex contractu.

Caráter específico do poder
Os critérios arisatotélico ou jusnaturalisata não permitem distinguir o caráter específico do poder político. Os escritores políticos não cessaram nunca de identificar governos paternalistas ou despóticos, ou então governos cujarelação com os governados se assemelhava ora à relação entre pai e filhos, ora à entre senhor e escravos, e que não deixam, por isso, de ser governos tanto quanto os que agem pelo bem público e se fundam no consenso.

Tipos de poder
o elemento específico do poder político pode ser obtido das várias formas de poder, baseadas nos meios de que se serve o sujeito ativo da relação para determinar o comportamento do sujeito passivo. Assim, podemos distinguir três grandes classes de um conceito amplíssimo do poder.Estas classes são:

Poder econômico
É o que se vale da posse de certos bens, necessários ou considerados como tais, numa situação de necessidade, para controlar aqueles que não os possuem, consistente na realização de um certo tipo de trabalho. A posse dos meios de produção é enorme fonte de poder para aqueles que os têm em relação àqueles que os não têm: o poder do chefe de uma empresa deriva da possibilidade que a posse ou disponibilidade dos meios de produção lhe oferece de poder vender a força de trabalho a troco de um salário. Quem possui abundância de bens é capaz de determinar o comportamento de quem não os tem pela promessa e concessão de vantagens.

Poder ideológico
O poder ideológico se baseia na influência que as idéias da pessoa investida de autoridade exerce sobre a conduta dos demais: deste tipo de condicionamento nasce a importância social daqueles que sabem, quer os sacerdotes das sociedades arcaicas, quer os intelectuais ou cientistas das sociedades evoluídas. É por eles, pelos valores que difundem ou pelos conhecimentos que comunicam, que ocorre a de socialização necessária à coesão e integração do grupo.
Poder ideológico: o poder dos intelectuais e cientistas emerge na modernidade quando as ciências ganham um estatuto preponderante na vida política da sociedade, influenciando enormemente o comportamento das pessoas. A ciência se propõe a responder pelos mistérios da vida, o que na Idade Média era "mistério da fé".

Poder político
O poder político se baseia na posse dos instrumentos com os quais se exerce a força física: é o poder coator no sentido mais estrito da palavra.

Poder político
A possibilidade de recorrer à força distingue o poder político das outras formas de poder. Isso não significa que ele se seja exercido pelo uso da força; a possibilidade do uso é condição necessária, mas não suficiente para a existência do poder político. A característica mais notável é que o poder político detém a exclusividade do uso da força em relação à totalidade dos grupos sob sua influência.

Hobbes e o direito natural
O fundamento teoria moderna do Estado, segundo Hobbes, é a passagem do Estado de natureza ao Estado civil, ou da anarchía à archia, do Estado apolítico ao Estado político. Essa transição é representada pela renúncia de cada um ao direito de usar cada um a própria força, existente no estado de natureza e que torna todos os indivíduos iguais entre si, para delegar o direito do exercício da a uma única pessoa, um único corpo, que será o único autorizado a usar a força contra eles.

Teorias marxista e weberiana
A hipótese jusnaturalista abstrata adquire profundidade histórica na teoria do Estado de Marx e de Engels, segundo a qual a sociedade é dividida em classes antagônicas e as instituições políticas têm a função primordial de permitir à classe dominante manter seu domínio. Mas este objetivo só pode ser alcançado, na estrutura do antagonismo de classes, pelo controle eficaz do monopólio da força; é por isso que cada Estado é, e não pode deixar de ser, uma ditadura. Já é clássica a definição de Max Weber: "Por Estado se há de entender uma empresa institucional de caráter político onde o aparelho administrativo leva avante, em certa medida e com êxito, a pretensão do monopólio da legítima coerção física, com vistas ao cumprimento das leis".
O fim da política
O que a política pretende alcançar pela ação dos políticos, em cada situação, são as prioridades do grupo (ou classe, ou segmento nele dominante): nas convulsões sociais, será a unidade do Estado; em tempos de estabilidade interna e externa, será o bem-estar, a prosperidade; em tempos de opressão, a liberdade, direitos civis e políticos; em tempos de dependência, a independência nacional. A política não tem fins constantes ou um fim que compreenda a todos ou possa ser considerado verdadeiro: "os fins da Política são tantos quantas são as metas que um grupo organizado se propõe, de acordo com os tempos e circunstâncias" . A política se liga ao meio e não sobre o fim, corresponde à opinião rorrente dos teóricos do Estado, que excluem o fim dos seus elementos constitutivos. Para Max Weber: "Não é possível definir um grupo político, nem tampouco o Estado, indicando o alvo da sua ação de grupo. Não há nenhum escopo que os grupos políticos não se hajam alguma vez proposto(...) Só se pode, portanto, definir o caráter político de um grupo social pelo meio(...) que não lhe é certamente exclusivo, mas é, em todo o caso, específico e indispensável à sua essência: o uso da força". Portanto, o fim essencial da política é a aquisição do monopólio da força.

Política relacional
A esfera da política é a da relação amigo-inimigo. Nesse sentido, a origem e de aplicação da política é o antagonismo nas relações sociais e sua função se liga à atividade de associar e defender os amigos e de desagregar e combater os inimigos. Há conflitos entre os homens e entre os grupos sociais, entre esses conflitos há alguns notáveis pela intensidade são os conflitos políticos. As relações entre os grupos instigadas por esses conflitos, agregando os grupos internamente ou os confrontando entre si, são as relações políticas. O conflito mais amplo, entre grupos consubstanciados em Estados, é a guerra - nesse sentido tida como a continuação da política por outros meios, no dizer de Clausewitz.

Política, moral e ética
A relação entre política e moral, como contraste entre ética individual e ética de grupo, explica a secular disputa existente sobre a razão de Estado. Por "razão de Estado" se compreende o conjunto de princípios e máximas segundo os quais ações que injustificadas, quando praticadas pelo indivíduo, são justificadas e exaltadas se praticadas pelo príncipe ou quem quer que exerça o poder em nome do Estado. O Estado tem razões que o indivíduo não tem, isso evidencia a diferença entre Política e moral, e essa diferença se refere aos diversos critérios segundo os quais se consideram boas ou más as ações desses dois campos.
"A afirmação de que a política é a razão do Estado encontra perfeita correspondência na afirmação de que a moral é a razão do indivíduo."
A imoralidade da política se baseia numa moral diferente da do dever pelo dever: é a moral pela qual se deve fazer tudo o que está ao alcance para realizar o fim proposto. Sabe-se, nesse caso, que o julgamento tem base no sucesso.


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quarta-feira, 22 de julho de 2009

RESUMO DA HISTÓRIA DO BRASIL





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ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA - O FIM DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL
História da Abolição da Escravatura, movimento abolicionista, Lei Áurea decretada pela Princesa Isabel em 1888,
a questão escravista no Brasil Império.

Princesa Isabel: assinou a Lei Áurea
Na época em que os portugueses começaram a colonização do Brasil, não existia mão-de-obra para a realização de trabalhos manuais. Diante disso, eles procuraram usar o trabalho dos índios nas lavouras; entretanto, esta escravidão não pôde ser levada adiante, pois os religiosos se colocaram em defesa dos índios condenando sua escravidão. Assim, os portugueses passaram a fazer o mesmo que os demais europeus daquela época. Eles foram à busca de negros na África para submetê-los ao trabalho escravo em sua colônia. Deu-se, assim, a entrada dos escravos no Brasil.
Os negros, trazidos do continente Africano, eram transportados dentro dos porões dos navios negreiros. Devido as péssimas condições deste meio de transporte, muitos deles morriam durante a viagem. Após o desembarque eles eram comprados por fazendeiros e senhores de engenho, que os tratavam de forma cruel e desumana.
Apesar desta prática ser considerada “normal” do ponto de vista da maioria, havia aqueles que eram contra este tipo de abuso. Estes eram os abolicionistas (grupo formado por literatos, religiosos, políticos e pessoas do povo); contudo, esta prática permaneceu por quase 300 anos. O principal fator que manteve a escravidão por um longo período foi o econômico. A economia do país contava somente com o trabalho escravo para realizar as tarefas da roça e outras tão pesados quanto estas. As providências para a libertação dos escravos deveriam ser tomadas lentamente.
A partir de 1870, a região Sul do Brasil passou a empregar assalariados brasileiros e imigrantes estrangeiros; no Norte, as usinas substituíram os primitivos engenhos, fato que permitiu a utilização de um número menor de escravos. Já nas principais cidades, era grande o desejo do surgimento de indústrias.Visando não causar prejuízo aos proprietários, o governo, pressionado pela Inglaterra, foi alcançando seus objetivos aos poucos. O primeiro passo foi dado em 1850, com a extinção do tráfico negreiro. Vinte anos mais tarde, foi declarada a Lei do Ventre-Livre (de 28 de setembro de 1871). Esta lei tornava livre os filhos de escravos que nascessem a partir de sua promulgação.
Em 1885, foi aprovada a lei Saraiva-Cotegipe ou dos Sexagenários que beneficiava os negros de mais de 65 anos.Foi em 13 de maio de 1888, através da Lei Áurea, que liberdade total finalmente foi alcançada pelos negros no Brasil. Esta lei, assinada pela Princesa Isabel, abolia de vez a escravidão no Brasil.
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
O Sistema das Capitanias Hereditárias, os donatários, a administração do Brasil Colonial,
divisão do território brasileiro, as dificuldades e problemas enfrentados, o Governo-Geral

Mapa das Capitanias Hereditárias
Logo após o Descobrimento do Brasil (1500), a coroa portuguesa começou a temer invasões estrangeiras no território brasileiro. Esse temor era real, pois corsários e piratas ingleses, franceses e holandeses viviam saqueando as riquezas da terra recém descoberta. Era necessário colonizar o Brasil e administrar de forma eficiente.
Entre os anos de 1534 e 1536, o rei de Portugal D. João III resolveu dividir a terra brasileira em faixas, que partiam do litoral até a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. Estas enormes faixas de terras, conhecidas como Capitanias Hereditárias, foram doadas para nobres e pessoas de confiança do rei. Estes que recebiam as terras, chamados de donatários, tinham a função de administrar, colonizar, proteger e desenvolver a região. Cabia também aos donatários combater os índios de tribos que tentavam resistir à ocupação do território. Em troca destes serviços, além das terras, os donatários recebiam algumas regalias, como a permissão de explorar as riquezas minerais e vegetais da região.
Estes territórios seriam transmitidos de forma hereditária, ou seja, passariam de pai para filho. Fato que explica o nome deste sistema administrativo.
As dificuldades de administração das capitanias eram inúmeras. A distância de Portugal, os ataques indígenas, a falta de recursos e a extensão territorial dificultaram muito a implantação do sistema. Com exceção das capitanias de Pernambuco e São Vicente, todas acabaram fracassando. Desta forma, em 1549, o rei de Portugal criou um novo sistema administrativo para o Brasil: o Governo-Geral. Este seria mais centralizador, cabendo ao governador geral as funções antes atribuídas aos donatários.
Embora tenha vigorado por pouco tempo, o sistema das Capitanias Hereditárias deixou marcas profundas na divisão de terra do Brasil. A distribuição desigual das terras gerou posteriormente os latifúndios, causando uma desigualdade no campo. Atualmente, muitos não possuem terras, enquanto poucos possuem grandes propriedades rurais.
Principais Capitanias Hereditárias e seus donatários: SãoVicente (Martim Afonso de Sousa), Santana, Santo Amaro e Itamaracá (Pêro Lopes de Sousa); Paraíba do Sul (Pêro Gois da Silveira),Espírito Santo (Vasco Fernandes Coutinho), Porto Seguro (Pêro de Campos Tourinho), Ilhéus (Jorge Figueiredo Correia), Bahia (Francisco Pereira Coutinho). Pernambuco (Duarte Coelho), Ceará (António Cardoso de Barros), Baía da Traição até o Amazonas (João de Barros, Aires da,Cunha e Fernando Álvares de Andrade).
GUERRA DE CANUDOS
História da Guerra de Canudos, o líder Antônio Conselheiro, o messianismo no Nordeste do início da República,
conflitos sociais na História do Brasil

População miserável do Arraial de Canudos
A situação do Nordeste brasileiro, no final do século XIX, era muito precária. Fome, seca, miséria, violência e abandono político afetavam os nordestinos, principalmente a população mais carente. Toda essa situação, em conjunto com o fanatismo religioso, desencadeou um grave problema social. Em novembro de 1896, no sertão da Bahia, foi iniciado este conflito civil. Esta durou por quase um ano, até 05 de outubro de 1897, e, devido à força adquirida, o governo da Bahia pediu o apoio da República para conter este movimento formado por fanáticos, jagunços e sertanejos sem emprego.
O beato Conselheiro, homem que passou a ser conhecido logo depois da Proclamação da República, era quem liderava este movimento. Ele acreditava que havia sido enviado por Deus para acabar com as diferenças sociais e também com os pecados republicanos, entre estes, estavam o casamento civil e a cobrança de impostos. Com estas idéias em mente, ele conseguiu reunir um grande número de adeptos que acreditavam que seu líder realmente poderia libertá-los da situação de extrema pobreza na qual se encontravam.
Com o passar do tempo, as idéias iniciais difundiram-se de tal forma que jagunços passaram a utilizar-se das mesmas para justificar seus roubos e suas atitudes que em nada condiziam com nenhum tipo de ensinamento religioso; este fato tirou por completo a tranqüilidade na qual os sertanejos daquela região estavam acostumados a viver.
Devido a enorme proporção que este movimento adquiriu, o governo da Bahia não conseguiu por si só segurar a grande revolta que acontecia em seu Estado, por esta razão, pediu a interferência da República. Esta, por sua vez, também encontrou muitas dificuldades para conter os fanáticos. Somente no quarto combate, onde as forças da República já estavam mais bem equipadas e organizadas, os incansáveis guerreiros foram vencidos pelo cerco que os impediam de sair do local no qual se encontravam para buscar qualquer tipo de alimento e muitos morreram de fome. O massacre foi tamanho que não escaparam idosos, mulheres e crianças.
Pode-se dizer que este acontecimento histórico representou a luta pela libertação dos pobres que viviam na zona rural, e, também, que a resistência mostrada durante todas as batalhas ressaltou o potencial do sertanejo na luta por seus ideais. Euclides da Cunha, em seu livro Os Sertões, eternizou este movimento que evidenciou a importância da luta social na história de nosso país.
Conclusão : Esta revolta, ocorrida nos primeiros tempos da República, mostra o descaso dos governantes com relação aos grandes problemas sociais do Brasil. Assim como as greves, as revoltas que reivindicavam melhores condições de vida ( mais empregos, justiça social, liberdade, educação etc), foram tratadas como "casos de polícia" pelo governo republicano. A violência oficial foi usada, muitas vezes em exagero, na tentativa de calar aqueles que lutavam por direitos sociais e melhores condições de vida.
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
História da Independência do Brasil, fim da colonização na História do Brasil, o 7 de setembro de 1822, o grito de Independência

Grito da Independência às margens do Ipiranga
Introdução
A Independência do Brasil é um dos fatos históricos mais importantes de nosso país, pois marca o fim do domínio português e a conquista da autonomia política. Muitas tentativas anteriores ocorreram e muitas pessoas morreram na luta por este ideal. Podemos citar o caso mais conhecido: Tiradentes. Foi executado pela coroa portuguesa por defender a liberdade de nosso país, durante o processo da Inconfidência Mineira.
Dia do Fico
Em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro I recebeu uma carta das cortes de Lisboa, exigindo seu retorno para Portugal. Há tempos os portugueses insistiam nesta idéia, pois pretendiam recolonizar o Brasil e a presença de D. Pedro impedia este ideal. Porém, D. Pedro respondeu negativamente aos chamados de Portugal e proclamou : "Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico."
O processo de independência
Após o Dia do Fico, D. Pedro tomou uma série de medidas que desagradaram a metrópole, pois preparavam caminho para a independência do Brasil. D. Pedro convocou uma Assembléia Constituinte, organizou a Marinha de Guerra, obrigou as tropas de Portugal a voltarem para o reino. Determinou também que nenhuma lei de Portugal seria colocada em vigor sem o " cumpra-se ", ou seja, sem a sua aprovação. Além disso, o futuro imperador do Brasil, conclamava o povo a lutar pela independência.
O príncipe fez uma rápida viagem à Minas Gerais e a São Paulo para acalmar setores da sociedade que estavam preocupados com os últimos acontecimento, pois acreditavam que tudo isto poderia ocasionar uma desestabilização social. Durante a viagem, D. Pedro recebeu uma nova carta de Portugal que anulava a Assembléia Constituinte e exigia a volta imediata dele para a metrópole..
Estas notícias chegaram as mãos de D. Pedro quando este estava em viagem de Santos para São Paulo. Próximo ao riacho do Ipiranga, levantou a espada e gritou : " Independência ou Morte !". Este fato ocorreu no dia 7 de setembro de 1822 e marcou a Independência do Brasil. No mês de dezembro de 1822, D. Pedro foi declarado imperador do Brasil.
Pós Independência
Os primeiros países que reconheceram a independência do Brasil foram os Estados Unidos e o México. Portugal exigiu do Brasil o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas para reconhecer a independência de sua ex-colônia. Sem este dinheiro, D. Pedro recorreu a um empréstimo da Inglaterra.
Embora tenha sido de grande valor, este fato histórico não provocou rupturas sociais no Brasil. O povo mais pobre se quer acompanhou ou entendeu o significado da independência. A estrutura agrária continuou a mesma, a escravidão se manteve e a distribuição de renda continuou desigual. A elite agrária, que deu suporte D. Pedro I, foi a camada que mais se beneficiou.

terça-feira, 21 de julho de 2009

FILOSOFIA CRISTÃ





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Símbolo do Cristianismo
A Filosofia cristã é o conjunto de ideias filosóficas iniciadas pelos seguidores de Jesus Cristo do século II aos dias de hoje. Esta filosofia surgiu com o intuito de distinguir ciência e fé, partindo de explicações racionais naturais tendo o auxílio da revelação cristã. Vários pensadores acreditavam que havia uma relação harmoniosa entre a ciência e a fé, outros afirmavam que havia contradição e outros tentavam diferençá-las. Esta mesma discussão era questionada no campo da filosofia e da fé. Diversos filósofos relacionavam o pensamento grego com o pensamento cristão.
Há estudiosos que questionam a existência de uma filosofia cristã propriamente dita. Esses afirmam que não há originalidade no pensamento cristão e seus conceitos e ideias são herdadas da filosofia grega. Sendo assim, a filosofia cristã seria resguardadora do pensamento filosófico, que já estaria definitivamente elaborado pela filosofia grega, e defensora da fé. No entanto, Boehner e Gilson afirmam que a filosofia cristã não é simples repetição da filosofia antiga, embora que devam à ciência grega os conhecimentos elaborados por Platão, Aristóteles e os Neo-platônicos. Chegam a afirmar que na filosofia cristã a cultura grega sobrevive em forma orgânica.[1] Os mestres gregos eram assim os pedagogos dos pensadores cristãos. A filosofia cristã não é um conjunto de escolas inúteis, pois tais preconceitos constituem radicalismos que desejam destruir o pensamento da tradição e reconstruir um edifício totalmente novo, negando o que se construiu no passado.
Aspectos Históricos da Filosofia cristã
A Filosofia cristã inicia-se por volta do século II. Ela surge através do movimento da comunidade cristã chamada Patrística, que tinha como principal objetivo a defesa da fé. É provável que a Patrística tenha finalizado por volta do século VIII. Do século XI em diante a filosofia cristã manifestou-se através da Escolástica. Este é o período da filosofia medieval ou da Idade Medieval que estendeu-se até o século XV, como assinala T. Adão Lara. A partir do século XVI a filosofia cristã, com suas teorias, passa a conviver com teorias científicas e filosóficas independentes.
O desenvolvimento das ideias cristãs representa uma ruptura em relação a filosofia dos gregos, tendo em vista que o ponto de partida da filosofia cristã é a mensagem religiosa cristã. A actividade missionária dos apóstolos, seguidores de Jesus Cristo, contribuiu para a difusão da mensagem cristã, mesmo que no seu início o cristianismo tenha sido alvo de perseguições.
A partir do império de Constantino I, o Grande o cristianismo torna-se oficialmente reconhecido. Este é momento histórico inicial da História Ocidental propriamente dita. A justiça romana, a cultura grega e o cristianismo ascendente imbricados, pode-se dizer até com alguns objectivos éticos comuns, estabelecem novos rumos para o pensamento cristão.
A estrutura da obra de T. Adão Lara nos indica uma importante divisão dos aspectos da filosofia cristã na Idade Média:
"I. A filosofia medieval, em gestação: a Patrística (séc. II-VII).
II. A filosofia medieval, no período da constituição e de maior riqueza conceitual: a Escolástica (séc. IX-XIII).
III. A filosofia medieval em processo de mutação e superação: os Pré-modernos (séc. XIV-XV)."[2]
Esta estrutura de Lara mostra a caracterização histórico-temática clara e sem preconceitos, o que efectivamente demonstra os aspectos históricos da filosofia cristã na era medieval.

Características da Filosofia Cristã

Demonstração natural
Suas proposições necessitam ser demonstradas de forma natural e utiliza-se de reflexões condicionadas pela experiência - com o uso da razão. O ponto de partida filosófica da filosofia cristã é a lógica, não excluindo as doutrinas teológicas cristãs. Embora haja relação entre as doutrinas teológicas e a reflexão filosófica na filosofia cristã, as reflexões desta possui caracterização estritamente racional.

Justificação das verdades de fé
Não deve haver contrariedade entre a filosofia cristã e as verdades de fé. Em seus argumentos e proposições a filosofia cristã procurar aperfeiçoar-se, embora não gozando de total infalibilidade. Não há aberta oposição à doutrina da igreja, pois a filosofia que assim o fizer não pode ser chamada de filosofia cristã, mas filosofia. A verdade revelada é benéfica porque evita erros em questões essenciais.
Fundamentalmente o ideal filosófico cristão é tornar evidente racionalmente, através da razão natural, as convicções religiosas. A atitude do filósofo cristão é determinada pela fé em questões referentes à cosmologia e o quotidiano. Diferente do filósofo, o filósofo cristão busca condições para a identificação da verdade eterna, sendo caracterizado pela religiosidade
Há críticas à essa filosofia pelo fato da religião cristã ser hegemônica desta época e centralizar a elaboração de todos os valores. Questiona-se a coesistência de filosofia e religião, pois a filosofia em si é crítica e a religião fundada na revelação e dogmas estabelecidos. Lara acredita que houve questionamento e escritos com características filosóficas no Medievo, embora tendo predominância da religião e da Teologia.Desta forma era estabelecido pelos dogmas, em alguns aspectos, não impediram que houvesse construções filosóficas significativas.

A tradição
A filosofia cristã desenvolveu-se a partir de filosofias predecessoras. Justino fundamenta-se na filosofia grega, a escolástica em Agostinho e na Patrística. Está na tradição do pensamento filosófico cristão o Judaísmo, de quem foi herdado o Antigo Testamento e mais fundamentalmente a mensagem do Evangelho, que constitui o centro da mensagem defendida pelo cristianismo.
A concepção cristã européia em seu início, a Patrísitica, recebe influência tanto dos Judeus quanto dos Árabes. Esta Europa Cristã não permaneceu enclausurada em si mesma, mas sofreu fortes influências de outras culturas.

Elucidação da fé
Clarificar a fé é um dos principais problemas investigados pela filosofia cristã.
Os problemas de base são: Imortalidade da alma, liberdade; Os problemas imprescindíveis: questões lógicas e epistemológicas e divisão das ciências; Os não-essenciais: a filosofia da natureza.

Visão sistematizadora
Existe a tentativa de sistematizar de forma ampla e total os problemas da realidade num todo harmónico. Há carência de espírito criativo, o que é compensado com a visão de conjunto. A própria revelação proporciona ao cristão uma visão geral.

A Sagrada Escritura
O cristianismo surge como religião fundamentada em fatos históricos que envolvem Jesus de Nazaré e um pequeno grupo de galileus. Coube a estes o anúncio do aparecimento do Messias esperado pelos profetas do antigo testamento.
A filosofia procura interpretar racionalmente os fenómenos do mundo. Como religião, houve necessidade do cristianismo defrontar-se com a filosofia helénica por causa da posição religiosa dos gregos. As especulações gregas são questionadas tanto como fundamento da verdade absoluta dada pela revelação e a cura pela fé e pela graça.

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FILOSOFIA MODERNA





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Filosofia moderna é toda a filosofia que se desenvolveu durante os séculos XV, XVI, XVII, XVIII, XIX; começando pelo Renascimento e se estendento até meados do século XX, mas a filosofa desenvolvida dentro desse período está fragmentada em vários subtópicos, e escolas de diferentes períodos, tais como:
Filosofia da Renascença
Filosofia do século XVII
Filosofia do século XVIII
Filosofia do século XIX
Na modernidade passou-se a delinear melhor os limites do estudo filosófico. Inicialmente, como atestam os subtítulos de obras tais como as Meditações de René Descartes e o Tratado de George Berkeley, ainda se fazia referência a questões tais como a da prova da existência de Deus e da existência e imortalidade da alma. Do mesmo modo, os filósofos do início da modernidade ainda pareciam conceber suas teorias filosóficas ou como fornecendo algum tipo de fundamento para uma determinada concepção científica (caso de Descartes), ou bem como um trabalho de "faxina” necessário para preparar o terreno para a ciência tomar seu rumo (caso de John Locke), ou ainda como competindo com determinada conclusão ou método científico (caso de Berkeley, em The Analyst, no qual ele criticou o cálculo newtoniano-leibniziano – mais especificamente, à noção de infinitesimal – e de David Hume com o tratamento matemático do espaço e do tempo). Gradualmente, contudo, a filosofia moderna foi deixando de se voltar ao objetivo de aumentar o conhecimento material, i.e., de buscar a descoberta de novas verdades – isso é assunto para a ciência – bem como de justificar as crenças religiosas racionalmente. Em obras posteriores, especialmente a de Immanuel Kant, a filosofia claramente passa a ser encarada antes como uma atividade de clarificação das próprias condições do conhecimento humano: começava assim a chamada "virada epistemológica".
Filosofia da Renascença

Filosofia da Renascença é o período da História da Filosofia que na Europa está entre a Idade média e o Iluminismo. Isso inclui o século XV; alguns estudiosos a estendem até os princípios do ano de 1350 até os últimos anos do século XVI, ou o começo do século XVII, sobrepondo as Reformas religiosas e os princípios da idade moderna. Dentre os elementos distintivos da Filosofia da renascença está a renovação (renascença significa "renascimento") à civilização clássica e o seu aprendizado; um parcial retorno de Platão sobre Aristóteles, que havia predominado sobre a Filosofia Medieval; e dentre alguns filósofos, havia o entusiasmo pelo ocultismo e o Hermetcismo.
Com todos esses períodos, há um extenso período de datas, razões por categorização, e limites dos eventos relatados. Em particular, o renascimento, pricipalmente nos últimos períodos, o seu pensamento que começou na Itália com o Renascimento Italiano se espalhou por toda a europa. O renascimento Inglês inclui geralmente em seus pensadores Shakespeare, mesmo no tempo em que a Itália estava passando pelo maneirismo para o Barroco. Como um movimento importante do Século XVI ele foi suscetível para várias divisões. Alguns historiadores observam que as Reformas e as contra-Reformas são marcos do final da renascença e os mais importantes para a Filosofia, enquanto outros a vêem como um único e extenso período.

Filosofia do século XVII

A Filosofia do século XVII é, no ocidente, considerada como a visão do princípio da filosofia moderna, e o distanciamento do pensamento medieval, especialmente da Escolástica. Frequentemente é chamada de "idade da razão" e é considerada a sucessora da renascença e predecessora da Idade do iluminismo. Alternativamente, ela pode ser vista como uma visão prévia do Iluminismo.

Filosofia do século XVIII

O Iluminismo ou filosofia do século XVIII foi um movimento filosófico do século XVIII na europa e em alguns países americanos, e nos seus mais distantes períodos também inclui a Idade da razão.O termo pode se referir simplesmente ao movimento intelectual do Iluminismo que defendia a razão como base primária da autoridade. Desenvolvida na França, Grã-Bretanha e Alemanha, o seu círculo de influências também incluíram a Austria, Itália, os Países Baixos, Polônia, Rússia, Escandinávia, Espanha e em fato, toda a Europa. Muitos dos Fundadores dos Estados Unidos foram fortemente influenciados pelas idéias iluministas, principalmente na esfera religiosa (Deísmo) e, paralelamente com o Liberalismo Clássico, na esfera política (que teve grande influência na Carta de diretos, em paralele com a Declaração de direitos do Homem e do Cidadão)
O período do iluminismo geralmente encerra-se entre os anos de 1800, e o começo das Guerras napoleônicas (1804-1815).

Filosofia do século XIX
No século XVIII, os filósofos do Iluminismo começaram a exercer um efeito dramático, tendo como ponto de referência o trabalho de filósofos como Immanuel Kant e Jean-Jacques Rousseau, e isso infuenciou uma nova geração de pensadores. No final do século XVIII, um movimento conhecido como Romantismo surgiu para reunir o formalismo racional do passado , com uma grande, maior e imediata visão emocional do mundo. Idéias chaves que mostraram essa mudança foram a evolução, como foi proposta por Johann Wolfgang von Goethe, Erasmus Darwin, e Charles Darwin, que podem agora ser chamada de ordem emergente como o mercado Livre de Adam Smith. Pressões do Igualitarismo, e as mais rápidas mudanças culminaram em um períiodo de revolução e turbulência em que poderiam ser bem visíveis as mudançãs da filosofia.


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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA





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Filosofia
Filosofia (do grego Φιλοσοφία: philos - que ama + sophia - sabedoria, « que ama a sabedoria ») é a investigação crítica e racional dos princípios fundamentais relacionados ao mundo e ao homem.

Introdução Geral
Surgiu nos séculos VII-VI a.C. nas cidades gregas situadas na Ásia Menor. Começa por ser uma interpretação des-sacralizada dos mitos cosmogônicos difundidos pelas religiões do tempo. Não apenas de mitos gregos, mas dos mitos de todas as religiões que influenciavam a Ásia menor. Os mitos foram, segundo Platão e Aristóteles, a matéria inicial de reflexão dos filósofos. Eles tornaram-se num campo comum da religião e da filosofia, revelando que a pretensa separação entre esses dois modos do homem interpretar a realidade não é tão nítida como aparentemente se julga.
Modernamente é a disciplina, ou a área de estudos, que envolve a investigação, a argumentação, a análise, discussão, formação e reflexão das ideias sobre o mundo, o Homem e o ser. Originou-se da inquietude gerada pela curiosidade em compreender e questionar os valores e as interpretações aceitas sobre a realidade dadas pelo senso comum e pela tradição.
As interpretações comumente aceitas pelo homem constituem inicialmente o embasamento de todo o conhecimento. Essas interpretações foram adquiridas, enriquecidas e repassadas de geração em geração. Ocorreram inicialmente através da observação dos fenômenos naturais e sofreram influência das relações humanas estabelecidas até a formação da sociedade, isto em conformidade com os padrões de comportamentos éticos ou morais tidos como aceitáveis em determinada época por um determinado grupo ou determinada relação humana. A partir da Filosofia surge a Ciência, pois o Homem reorganiza as inquietações que assolam o campo das idéias e utiliza-se de experimentos para interagir com a sua própria realidade. Assim a partir da inquietação, o homem através de instrumentos e procedimentos equaciona o campo das hipóteses e exercita a razão. São organizados os padrões de pensamentos que formulam as diversas teorias agregadas ao conhecimento humano. Contudo o conhecimento científico por sua própria natureza torna-se suscetível às descobertas de novas ferramentas ou instrumentos que aprimoraram o campo da sua observação e manipulação, o que em última análise, implica tanto a ampliação quanto o questionamento de tais conhecimentos. Neste contexto a filosofia surge como "a mãe de todas as ciências". Podemos resumir que a filosofia consiste no estudo das características mais gerais e abstratas do mundo e das categorias com que pensamos: Mente (pensar), matéria (o que sensibiliza noções como quente ou frio sobre o realismo), razão (lógica), demonstração e verdade. Pensamento vem da palavra Epistemologia "Episteme" significa "ter Ciência" "logia" significa Estudo. Didaticamente, a Filosofia divide-se em:
Epistemologia ou teoria do conhecimento: trata da natureza crença, da justificação e do conhecimento.
Ética: trata do certo e do errado, do bem e do mal.
Filosofia da Arte ou Estética: trata do belo.
Lógica: trata da preservação da verdade e dos modos de se evitar a inferência e raciocínio inválidos.
Metafísica ou ontologia: trata da realidade, do ser e do nada.
Definições dos Filósofos sobre a Filosofia
Em "Eutidemo" de Platão, é o uso do saber em proveito do homem, o que implica, 1º, posse de um conhecimento que seja o mais amplo e mais válido possível, e , 2º , o uso desse conhecimento em benefício do homem.
Para René Descartes, significa o estudo da sabedoria.
Para Thomas Hobbes, é o conhecimento causal e a utilização desse em benefício do homem.
Para Immanuel Kant, é ciência da relação do conhecimento finalidade essencial da razão humana, que é a felicidade universal; portanto, a Filosofia relaciona tudo com a sabedoria, mas através da ciência.
Para John Dewey, é a crítica dos valores, das crenças, das instituições, dos costumes, das políticas, no que se refere seu alcance sobre os bens ("Experience and Nature", p. 407).
Para Johann Gottlieb Fichte, é a ciência da ciência em geral.
Para Auguste Comte, é a ciência universal que deve unificar num sistema coerente os conhecimentos universais fornecidos pelas ciências particulares.
Para Bertrand Russell, a definição de "filosofia" variará segundo a filosofia que adotada. A filosofia origina-se de uma tentativa obstinada de atingir o conhecimento real. Aquilo que passa por conhecimento, na vida comum, padece de três defeitos: é convencido, incerto e, em si mesmo, contraditório. ("Dúvidas Filosóficas", p. 1)
Concepções de Filosofia
Há três formas de se conceber a Filosofia:
1º) Metafísica: a Filosofia é o único saber possível, as demais ciências são parte dela. Dominou na Antiguidade e Idade Média. Sua característica principal é a negação de que qualquer investigação autônoma fora da Filosofia com validade, produzindo estas um saber imperfeito, provisório. Um conhecimento é filosofico ou não é conhecimento. Desse modo, o único saber verdadeiro é o filosófico, cabendo às demais ciências o trabalho braçal de garimpar o material sobre o qual a Filosofia trabalhará, constituindo não um saber, mas um conjunto de expedientes práticos. Hegel afirmou: “uma coisa são o processo de origem e os trabalhos preparatórios de uma ciência e outra coisa é a própria ciência.”
2º) Positivista: o conhecimento cabe às ciências, à Filosofia cabe coordenar e unificar seus resultados. Bacon atribui à Filosofia o papel de ciência universal e mãe das outras ciências. Todo o iluminismo participou do conceito de Filosofia como conhecimento científico.
3º) Crítica: a Filosofia é juízo sobre a ciência e não conhecimento de objetos, sua tarefa é verificar a validade do saber, determinando seus limites, condições e possibilidades efetivas. Segundo essa concepção, a Filosofia não aumenta a quantidade do saber, portanto, não pode ser chamada propriamente de “conhecimento”.

Definição da filosofia e metafilosofia
A palavra "filosofia" ganha, em dimensões específicas de tempo e espaço, concepções novas e diferentes tornando difícil sua exata definição. São muitas as discussões sobre sua definição e seu objeto específico. Definir a filosofia é realizar uma tarefa metafilosófica. Em outras palavras, é fazer uma filosofia da filosofia. Aqui se vê que a melhor maneira de se abordar inicialmente a filosofia talvez não seja definindo-a, pois tal definição já exige alguma filosofia.
Esse problema devia ser visto em toda sua seriedade. Não há como se definir sem que se tenha alguma compreensão dada de definição, do mesmo modo que não há como responder adequadamente a uma pergunta, se não partimos de uma compreensão dada de pergunta e resposta. (Sobre a filosofia do perguntar ver Martin Heidegger, Ser e tempo, §2.)
Historicamente, a filosofia é conhecida por ser difícil de definir com precisão, não conseguindo a maioria (se não todas) das definições cobrir tudo aquilo a que se chama filosofia.
Há outros modos de se chegar a uma concepção da filosofia, mesmo sem uma definição.
À falta de uma definição "definitiva", as introduções à filosofia geralmente apostam em apresentar uma lista de discussões e problemas filosóficos, e uma lista de questões que não são filosóficas.
Algumas questões filosóficas incluem, por exemplo, "O que é o conhecimento?", "Será que o homem pode ter livre arbítrio?", "Para que serve a ciência?" ou, até mesmo, "O que é a filosofia?" (vide metafilosofia). A forma de responder a estas questões não é, por seu lado, uma forma científica, política ou religiosa, nem muito menos se trata de uma investigação sobre o que a maioria das pessoas pensa, ou do senso comum. Envolve, antes, o exame dos conceitos relevantes, e das suas relações com outros conceitos ou teorias.
O método da listagem de discussões e problemas filosóficos tem sua limitação: o limite, é o próprio ser. Por si só, ele (o método) não permite que se veja o que unifica os debates e as discussões. É por isso, talvez, que os filósofos não costumam apelar a esse método. Ao invés disso apresentam imagens da filosofia.
Imagens da filosofia


Alguns filósofos apresentaram a filosofia através de quadros, ou imagens:
A principal característica que Aristóteles vê num filósofo é que ele não é um especialista. O sophós (o sábio, tomado aqui como sinônimo de filósofo), é um conhecedor de todas as coisas sem possuir uma ciência específica. O seu olhar derrama-se pelo mundo, sua curiosidade insaciável o faz investigar tanto os mistérios do kosmos (o universo) como o da physis (a natureza), como as que dizem respeito ao homem e à sociedade. No fundo, o filósofo é um desvelador, alguém que afasta o véu daquilo que está a encobrir os nossos olhos e procura mostrar os objetos na sua forma e posição original, agindo como alguém que encontra uma estátua jogada no fundo do mar coberta de musgo e algas, e gradativamente, afastando-as uma a uma, vem a revelar-nos a sua real forma.
Para Platão, a primeira atitude do filósofo é admirar-se. A partir da admiração faz-se a reflexão crítica, o que marca a filosofia como busca da verdade. Filosofar é dar sentido à experiência.
Segundo Whitehead, a filosofia ocidental é uma nota de rodapé à obra de Platão.
Para Wittgenstein, a filosofia é uma espécie de terapia através da qual o sujeito, embaralhado pela metafísica, volta a utilizar as palavras no seu sentido empírico.
Para Strawson, a filosofia é um análogo da gramática. Assim como a gramática de uma língua natural explicita as regras que os falantes seguem explicitamente, a filosofia explicita os conceitos-chave que seguimos implicitamente (vide "A Filosofia como Gramática Conceptual" de P.F. Strawson).
Para Richard Rorty, no espírito da posição de Whitehead, a filosofia ocidental é um gênero literário.

Etimologia
A palavra "filosofia" (do grego φιλοσοφία) resulta da união de outras duas palavras: "philia" (φιλία), que significa "amizade", "amor fraterno" e respeito entre os iguais e "sophia" (σοφία), que significa "sabedoria", "conhecimento". De "sophia" decorre a palavra "sophos" (σοφός), que significa "sábio", "instruído".
Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Assim, o "filósofo" seria aquele que ama e busca a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber.
A tradição atribui ao filósofo Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes de Cristo) a criação da palavra.
Filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita.

Tradições filosóficas
Entre os povos que desenvolveram escritas fonéticas ou ideogramáticas, as principais tradições filosóficas são a filosofia indiana, a filosofia chinesa e a filosofia ocidental.
É provável que povos que não desenvolveram tais tipos de escrita também tivessem algum tipo de tradição filosófica. O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro ("Perspectivismo e multinaturalismo na América indígena", capítulo 7 de A inconstância da alma selvagem, São Paulo, Cosac & Naify, 2002) aponta para o fato de encontrarmos pontos de vista perspectivistas entre os ameríndios desde a Terra do Fogo até o Alasca, por exemplo. (Para saber mais sobre o estudo dos pressupostos do pensamento indígena veja o Projeto AmaZone.)

Pensamento mítico e pensamento filosófico

A Morte de Sócrates, Jacques-Louis David, 1787.
Histórica e tradicionalmente, a filosofia se inicia com Tales de Mileto. Ele foi o primeiro dos filósofos pré-socráticos a buscarem explicações de todas as coisas através de um princípio ou origem causal (arché) diferentemente do que os mitos antes mostravam.
Ao apresentarem explicações fundamentadas em princípios para o comportamento da natureza, os pré-socráticos chegaram ao que pode ser considerado uma importante diferença em relação ao pensamento mítico. Nas explicações míticas, o explicador é tão desconhecido quanto a coisa explicada. Por exemplo, se a causa de uma doença é a ira divina, explicar a doença pela ira divina não nos ajuda muito a entender porque há doença.

Depois dos pré-socráticos
Platão é quem inicia esta nova linguagem, a filosofia como a conhecemos, a busca da essência, a ontologia dos conceitos universais em detrimento do conhecimento vulgar e sensorial.
Por muito tempo a Filosofia concebia tudo o que era conhecimento, basta ver a vasta obra de Aristóteles, que abrange desde a física até a ética. Ainda hoje é difícil definir o objeto exato da filosofia.
Seus objetos próprios são:
Metafísica: Concerne os estudos daquilo que não é físico (physis), do conhecimento do ser (ontologia), do que transcende o sensorial e também da teologia.
Epistemologia: Estudo do conhecimento, teoriza sobre a própria ciência e de como seria possível a apreensão deste conhecimento.
Ética: Para Aristóteles, é parte do conhecimento prático já que nos mostraria como devemos viver e agir.
Estética: A busca do belo, sua conceituação e questionamento. O entendimento da arte.
Lógica: A busca da verdade, seu questionamento, a razão.


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domingo, 19 de julho de 2009

HISTÓRIA MODERNA





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Idade Moderna
A Idade Moderna é um período específico da História do Ocidente. Destaca-se das demais por ter sido um período de transição por excelência. Tradicionalmente aceita-se o início estabelecido pelos historiadores franceses, 1453 quando ocorreu a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, e o término com a Revolução Francesa, em 1789.
Entretanto, apesar de a queda de Constantinopla ser o evento mais aceito, não é o único. Tem sido propostas outras datas para o início deste período, como a Conquista de Ceuta pelos portugueses em 1415, a viagem de Cristóvão Colombo ao continente americano em 1492 ou a viagem à Índia de Vasco da Gama em 1498.
Algumas correntes historiográficas anglo-saxónicas preferem trabalhar com o conceito de "Tempos Modernos", entendido como um período não acabado, introduzindo nele subdivisões entre Early Modern Times (mais antiga) e Later Modern Times (mais recente), ou então procedem a uma divisão entre sociedades pré-industriais e sociedades industriais. A noção de "Idade Moderna" tende a ser desvalorizada pela historiografia marxista, que prolonga a Idade Média até ao advento das Revoluções Liberais e ao fim do regime senhorial na Europa, devido a ampla ação das Cruzadas, que expandiram o comércio na Europa.
A dificuldade da delimitação cronológica do período se deve, principalmente, às divergências de interpretação quanto à origem e evolução do sistema capitalista. Contudo, o período histórico que vai do século XV ao XVIII é, genericamente percebido com um "período de transição".
A época moderna pode ser considerada, exatamente, como uma época de "revolução social" cuja base consiste na "substituição do modo de produção feudal pelo modo de produção capitalista".
O Renascimento Comercial que vinha ocorrendo desde a baixa Idade Média (séculos XI, XII e XIII), apresentava o seguinte quadro:
no Mediterrâneo: fazia-se a ligação entre a Europa e Oriente envolvendo as cidades italianas e os árabes.
no Norte da Europa: ligando o mar do Norte ao mar Báltico, predominavam os comerciantes alemães.
no Litoral Atlântico da Europa: através da navegação de cabotagem, ligava-se o mar do Norte ao Mediterrâneo.
no Interior do Continente Europeu: predominam antigas rotas terrestres.
As feiras, as Cruzadas e o surgimento dos Burgos, ao longo da Idade Média, eram sinais, também, de que o comércio renascia.
A partir do século XV o comércio cresceu extraordinariamente, fruto, naturalmente, de modificações ocorridas no interior das sociedades feudais européias (aumento da população, crescimento das cidades, desenvolvimento das manufaturas, etc).
Esta época pode-se caracterizar por um desanuviamento da "triologia negra" - fomes, pestes e guerras - criando condições propícias às descobertas marítimas e ao encontro de povos.
Feudalismo e capitalismo

O feudalismo foi um sistema político, econômico e social que predominou durante toda a Idade Média. Mas, já no final da Idade Média, o uso da terra, fundamental para o povo naquele período, foi perdendo a força. Os campos foram abandonados e o comércio nascia fortalecido.
Depois de longos anos de devastação e desordem, começava certa estabilidade econômica. O castelo, centro das atividades econômicas, ia perdendo sua importância. O progresso do comércio artesanal, as feiras medievais, a cidade burguesa incompatível com o feudo ofereciam chances de lucro e atrativos do comércio.

Johannes Gutenberg, o inventor da imprensa.
A difusão de alguns inventos que impulsionaram o progresso técnico e os avanços da ciência contribuíram para essa transformação: a bússola, invenção dos chineses, começou a se generalizar entre os séculos XIV e XV e permitia a orientação dos navegadores em alto-mar; a pólvora, também inventada pelos chineses, introduzida na Europa (século XIV), revolucionou a arte da guerra; a imprensa foi um invento revolucionário devido ao alemão Johannes Gutenberg (século XV), e com ela se multiplicaram os livros. A vida urbana tem início, aumenta a população das cidades.
No início da Idade Moderna, as cidades se expandem, vão gradativamente deixando para trás a experiência do feudo. Claro que elas tiveram que lutar para sobreviver, tanto na parte econômica como na social e política.
As comunicações iam se tornando mais velozes, estradas iam se abrindo, mudando toda a paisagem de cada localidade.
Uma nova classe social, que reunia banqueiros, artesãos, camponeses, mercadores, aparecia com o nome de burguesia.
O dinheiro adquiriu valor e o comércio superou a terra.

Liga Hanseática.
A passagem econômica da Idade Média para a Moderna se deu com o aparecimento do capitalismo.
Gradativamente, o comércio foi se desenvolvendo, a princípio dentro da própria cidade, depois entre duas ou mais cidades e, por fim, entre países.
Com o sistema capitalista, os trabalhadores começaram a ter um salário. Os produtos foram produzidos em maior quantidade, e nascia assim a passagem do feudalismo ao capitalismo.
O desenvolvimento das navegações vai fortalecer as rotas marítimas e comerciais abertas na Idade Média.
Crescia o comércio por terra e por mar e mudava o quadro político, econômico e social da Europa.
Grandes associações surgiram (associações livres), formando as hansas. A mais conhecida foi a Liga Hanseática ou Hansa Teutônica. Era uma associação que agrupava mais de 160 cidades no comércio com o leste da Europa.

Progresso comercial e urbano
O progresso comercial e urbano, a burguesia, o artesanato, as feiras, as rotas terrestres e marítimas deram ao rei a certeza de que, se ele não aceitasse o comércio e se aliasse aos burgueses, certamente não teria sucesso financeiro.
Surgiu a aliança rei-burguesia, e tal fato foi, sem dúvida, a abertura do sistema capitalista.
O capitalismo é um sistema político, social e econômico que tem como características:
produção voltada para os mercados;
relações monetárias;
lucro, neste sistema, é fundamental;
acúmulo de capitais;
livre iniciativa;
relações assalariadas de produção.

Fases do capitalismo
Na sua fase pré-inicial, recebeu o nome de pré-capitalismo, porque nessa fase as relações de produção ainda não foram totalmente assalariadas (séculos XII e XV).
Capitalismo comercial, fase em que começam a existir relações de trabalho e produção assalariadas (séculos XV ao XVIII)
Capitalismo industrial, que surgiu na Inglaterra, com a Revolução Industrial. A acumulação de capital começou a se concentrar em grandes produções e o capital passou a dominar o processo de distribuição e consumo de mercadorias. O trabalho assalariado instalou-se definitivamente (século XVIII a XX).
Capitalismo financeiro é a base do capitalismo em que se vê grande quantidade de concentração financeira. Grandes movimentos e sistemas bancários dominaram o mercado. (É o sistema predominante nos dias atuais para os países que adotam o capitalismo como sistema econômico.)
A globalização é um dos processos de aprofundamento da integração econômica, social, cultural, política, com o barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países do mundo no final do século XX e início do século XXI.
Portanto a Idade Moderna surge com novos empreendimentos políticos, econômicos e sociais.
Surgiu a organização empresarial e o espírito de lucro, dando início aos tempos modernos. Abre-se um novo contexto sociocultural e econômico na Europa.
Grandes Navegações

No período de transição da Baixa Idade Média para a Idade Moderna, o Mar Mediterrâneo continuou a principal ligação entre os países conhecidos. Esse intercâmbio se fazia através das rotas das especiarias, que eram monopólio das grandes cidades italianas, como Gênova e Veneza. As mercadorias orientais (sedas, porcelanas e principalmente condimentos, como a pimenta e a canela, indispensáveis para a conservação dos alimentos), depois de passarem por muitos portos e intermediários, eram vendidas a preços altíssimos para as nações européias, obrigando-as a uma situação de dependência dos comerciantes italianos.
A tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453, dificultou ainda mais o tráfico de mercadorias. Dominando a maioria dos portos mediterrâneos, os turcos exigiam elevadas taxas das caravanas comerciais, forçando assim novo aumento nos preços dos produtos.
Era necessário descobrir novas rotas que Iivrassem a Europa da supremacia turca e italiana. Os reinos ibéricos (Portugal e Espanha) foram os primeiros a reunir condições técnicas e financeiras para explorar as novas terras.

A Península Ibérica e as Grandes Navegações

Reino português

Portulano: carta geográfica que permitia aos navegadores do século XVI calcular as distâncias, graças às linhas retas traçadas em todos os sentidos.
Portugal foi a primeira nação a financiar expedições marítimas. Vários fatores contribuíram para esse pioneirismo: a existência de bons portos; a familiaridade portuguesa com o mar, devido à grande atividade pesqueira desenvolvida na região; uma burguesia enriquecida e disposta a investir para aumentar seus lucros; a paz interna e a centralização do poder. Portugal foi o primeiro reino a se unificar, formando um estado nacional.
A Escola de Sagres também contribuiu grandemente, fornecendo condições tecno-científicas para a navegação num oceano ate então desconhecido: o Atlântico.
Bússolas e astrolábios trazidos da China, sextantes, mapas feitos pelos melhores cartógrafos da época e, principalmente, a caravela com suas velas triangulares possibilitaram aos navegantes resistir e atravessar o bravio "Mar Tenebroso".
A expansão portuguesa iniciou-se pelo norte da África, com a tomada de Ceuta, em 1415 (importante centro de especiarias). Seguiram-se as ilhas da Madeira e Açores. Gradativamente, em expedições sucessivas, sempre contornando o continente africano, em 1487, Bartolomeu Dias contornou o Cabo da Boa Esperança no sul da África. No ano seguinte, Vasco da Gama chega ao porto de Calicute, na costa ocidental da Índia.
A descoberta desse novo caminho trouxe lucros fabulosos para os mercadores portugueses e, ao mesmo tempo, estabelecia concorrência com os produtos trazidos através das rotas italianas.

Reino espanhol

Provável retrato de Colombo em pormenor de "Virgen de los Navegantes" pintado por Alejo Fernández entre 1500 e 1536, atualmente na "Sala de los Almirantes", no Reales Alcázares de Sevilla (foto por Manuel da Silva Rosa).
Formado pela união dos reis Dom Fernando de Aragão e Dona Isabel de Castela, a Espanha lançou-se à exploração dos mares quase um século depois de Portugal. Dois motivos provocaram esse atraso:
era necessário primeiramente expulsar os mouros (muçulmanos) do território espanhol;
era preciso descobrir um novo caminho para não utilizar a rota portuguesa.
A Espanha não hesitou em dar o empreendimento ao estrangeiro Cristóvão Colombo. Sua teoria da esfericidade da Terra (confirmada pouco depois pelo cientista Nicolau Copérnico) não mereceu muito crédito na época.
Acreditando na possibilidade de atingir as índias sempre navegando para oeste, Colombo dirigiu suas três caravelas nessa rota, e teria alcançado as índias caso o continente americano não estivesse no caminho.
As naus espanholas desembarcaram na ilha de Guanaani (atual ilhas Bahamas) e depois em Cuba e São Domingos. Era o ano de 1492. Certo de que obtivera sucesso, Colombo deu o nome de índios aos habitantes encontrados na nova terra. Realizou ainda outras viagens, sempre explorando as ilhas americanas.

Intervenção católica


A descoberta da América por Colombo provocou disputa entre os reinos ibéricos, interessados na posse de terras. Portugal preocupou-se em firmar um tratado que lhe assegurasse o domínio das terras existentes a leste do oceano Atlântico.
O acordo entre os dois países foi julgado pelo papa Alexandre VI, que confirmou um novo tratado. Partindo-se de uma linha imaginária traçada a partir do pólo (37°), o Tratado de Tordesilhas estabeleceu que as terras encontradas a oeste dessa linha pertenceriam à Espanha e aquelas situadas a leste seriam de Portugal.
Por esse motivo, a esquadra de Pedro Álvares Cabral, que se dirigia às Índias, fez um desvio proposital para oeste para garantir ao rei português a posse das terras do Brasil.
Os outros países europeus desconsideraram esse tratado, que os excluía, e procuraram se estabelecer e explorar o novo continente.

Características da colonização ibérica
As novas conquistas não ofereceram interesse imediato a Portugal. O comércio de especiarias estava no auge: o aumento de consumo e sua falta no mercado europeu. faziam com que as cargas dos navios que retomavam das índias fossem disputadas e as mercadorias alcançassem preços elevados na revenda. Por esse motivo, Portugal limitou-se a estabelecer algumas feitorias nas novas terras, para desenvolver atividades extrativas. Com a demarcação de terras entre Espanha e Portugal e a posterior ocupação européia das terras, os indígenas ficaram expostos diante estas duas frentes de expansão como pelas frentes missionárias e de plantations. Tais frentes não eram movimentos pacíficos e pretendiam incorporar o mesmo território e os mesmos indivíduos (SCHMITZ, 1991, p. 49)[1]. Utilizava-se da mão-de-obra indígena, onde poderia ocorrer o escambo, troca de utensílios europeus por outros materias, serviços ou mesmo indígenas destinados ao escravismo. No sul do Brasil, por volta de 1600, acontecem as "descidas", escravização sistemática dos índios. Eram promovidas pelos moradores de São Vicente que aportavam em Laguna, Araranguá, Mampituba e Lagoa dos Patos, onde na costa existiam feitorias para negociar os indígenas. Segundo Schmitz (1991, p.50)[2], este comércio tinha como mentores pajés e mestiços, que quando os navios chegaram à barra, eram enviados emissários ao sertão pelos chefes chama-dos Tubarões para avisar que havia utensílios para trocar por gente.
Mas a exclusividade da rota marítima durou pouco. Inglaterra, França e Holanda, ignorando propositadamente o tratado que dividia a América entre as duas nações, passaram a utilizar-se dos caminhos recém-descobertos para suas próprias transações comerciais. O aumento da oferta de produtos provocou a queda dos preços e, portanto, dos lucros obtidos. Os reinos ibéricos tentaram, então, nova atividade lucrativa, através do povoamento e exploração colonial.

Colonização portuguesa
Fez-se ao longo do litoral atlântico, insistindo-se no cultivo de produtos raros na Europa. Um deles, a cana-de-açúcar, encontrou condições de solo e clima propícios no Nordeste do Brasil, tornando-se a base da economia lusitana na época.
A necessidade de homens para a lavoura, homens que trabalhassem para donatários e não para seu próprio enriquecimento, alterou a relação inicial entre brancos e índios. "A legislação portuguesa sempre procurou contrariar ou dificultar a imigração, embora milhares de camponeses europeus não tivessem terras e passassem fome" (Décio Freitas). Livres, com valores culturais e estrutura social e econômica bem diversos dos colonizadores, os índios não se sujeitavam às imposições dos brancos. As lutas entre colonizadores e índios condenaram ao desaparecimento inúmeras nações indígenas, ao mesmo tempo que instituíam a mais abominável exploração humana: o regime escravo.

Colonização espanhola

Tenochtitlán vista de oeste. Pintura mural no Museu Nacional de Antropologia, Cidade do México por Dr. Atl em 1930.
Os conquistadores espanhóis encontraram impérios indígenas ricos e evoluídos, como os dos maias, astecas e incas. Esses povos possuíam noções de astronomia e geometria, cultivavam a terra utilizando o sistema de irrigação, além de terem um artesanato e uma arquitetura evoluídos.
Para dominar esses povos, os espanhóis aproveitaram-se de suas armas e cavalos (desconhecidos para os nativos) e também das rivalidades entre tribos, aliando-se às menores para conquistar os maiores impérios. Com suas tradições destruídas e cidades arrasadas, foram forçados a aceitar o trabalho obrigatório (encomienda). Cada comunidade indígena estava sob supervisão de brancos (encomenderas), determinando também a (mita), o trabalho forçado dos aldeões na realização das obras públicas e outros serviços ao governo.
Considerar o elemento nativo como inferior foi o traço comum na colonização dos países ibéricos. Desrespeitaram e baniram a cultura local, provocando desaparecimento de muitas nações indígenas em nome da "civilização" que Ocidente trouxe como "legado" que deveria ser incorporado às terras conquistadas. Em menos de cem anos, vitimaram-se três quartos da população americana. Tornou-se imperiosa a vinda de escravos africanos.
Política econômica
O objetivo da colonização foi primordialmente explorar da forma mais lucrativa possível seus domínios coloniais. Não havia nenhuma intenção de povoamento: trabalhadores livres, em grande número, buscariam seu próprio enriquecimento e dificultariam a fiscalização e taxação de impostos.
Estabeleceram-se novos princípios econômicos para as relações entre metrópole e colônia. As principais leis mercantilistas foram:
Metalismo: acreditava-se que a riqueza de uma nação era medida pela quantia de metais preciosos que possuísse. As colônias espanholas ricas em minérios, tornaram essa nação a mais poderosa da época.
Pacto Colonial: definia as relações entre metrópole/colônia. A colônia vendia seus produtos exclusivamente para a metrópole e dela comprava túdo de que necessitasse. Essa exclusividade comercial influiu negativamente no desenvolvimento da colônia. Sua margem de lucro era determinada pela metrópole, que reservava para si a revenda dos produtos coloniais a preços bem mais elevados no mercado europeu. Na importação colonial, a metrópole agia como intermediária, comprando os produtos de outros países para vendê-los com lucros de comerciante na colônia.
Esse comércio desvantajoso, aliado à proibição de instalar manufaturas próprias e produzir artigos semelhantes aos da metrópole, gerou uma situação de total dependência econômica, que posteriormente prejudicou a independência política e financeira dos países dominados.
Balança comercial favorável: países como Inglaterra e França, que não puderam contar com o afluxo de metais preciosos, desenvolveram uma política de contenção de importações, enquanto estimulavam as exportações. Dessa forma, o dinheiro arrecadado no comércio externo era bastante superior àquele gasto na compra de produtos estrangeiros, deixando um saldo financeiro favorável ao país. Para isso, os governos tomaram medidas protecionistas: estimulava-se a produção agrícola e manufatureira do país; impunham-se altas taxas alfandegárias aos produtos importados, forçando a redução de consumo dos mesmos; não se permitia a importação de produtos que concorressem com os de fabricação nacional; proibia-se a exportação de matérias-primas que pudessem desenvolver mercadorias semelhantes às fabricadas pelo país.
Monopólios: a comercialização era permitida a grupos de mercadores escolhidos pelo rei. Esses grupos tinham seus locais de compra e venda predeterminados, não podendo operar fora de suas regiões. Os monopólios permitiam ao soberano um eficaz controle das transações efetuadas nos diversos países.
No início do século XVII, a prática provou que o equilíbrio da balança comercial e os monopólios contribuíram decisivamente para a supremacia anglo-francesa no conjunto das nações européias. O ouro em quantidade, sem aplicação sólida, não garantia o progresso de um Estado. A Espanha, que não aplicou seus lucros na melhoria das técnicas agrícolas e tampouco na instalação de manufaturas, perdeu sua posição para os países que desenvolveram a produção interna e fortaleceram o comércio nos dois níveis: externo e interno.

Renascimento

Os homens da Idade Média consideravam os aspectos e fatos da vida e da história de acordo com os ideais religiosos. Para eles, a vida terrena e os acontecimentos históricos se explicavam pela vontade de Deus, um ser superior. Toda a ciência, a literatura e a arte daquela época dependiam do pensamento religioso.
Todavia, no decorrer do século XIII, a Itália e o resto da Europa começaram a modificar seu modo de pensar, voltando suas atenções para uma vida concreta e terrena, onde o homem passou a ter importância como o grande protagonista de acontecimentos e determinando, ele mesmo, a sua vontade.
No Renascimento, o mundo aparece como cenário das ações humanas, e não como expressão da vontade divina. A natureza também atrai as atenções e se torna objeto de observações e estudos por parte dos renascentistas.
A palavra Renascimento indica, em todos os seus aspectos, o prosseguimento da vida econômica, social e cultural que aconteceu na Itália e depois no resto da Europa.
O termo Renascimento vem de renascer da Idade Média, isto é, renascer ou reviver os valores da Antigüidade clássica greco-romana.

Origens
O Renascimento começou na Itália, com o desenvolvimento das cidades e do comércio.
As cidades italianas abrigavam nobres senhores, como os Lourenço de Médici, da cidade de Firenze; os Gonzaga, da cidade de Mantova; os Sforza, da cidade de Nápoles, e tantos outros nobres senhores que, gozando de prosperidade econômica, resolveram financiar e proteger artistas, cientistas e literatos.
Esses protetores de artistas eram chamados mecenas.

Causas
A descoberta do Novo Mundo (Américas): As Grandes Navegações trouxeram novas experiências culturais e cientfficas.
O humanismo: Durante toda a Idade Média, o homem foi uma criatura frágil e submissa à vontade de Deus. Com o humanismo, ele acaba por se tornar responsável por si mesmo e não mais subordinado à vontade divina.
A queda de Constantinopla, a importante capital do Império Romano do Oriente, grande centro comercial e cultural medieval. Muitos intelectuais de Constantinopla se dirigiram à Itália após a sua queda.
O apoio dos mecenas, ricos senhores que patrocinavam artistas e literatos.
A invenção da imprensa: Os livros não seriam mais manuscritos, o que facilitaria a divulgação da cultura.
Abertura das universidades: Os humanistas fizeram reviver e renascer valores da Antigüidade clássica greco-romana.
Características: O Renascimento tem como caracterfsticas: criação, originalidade, novos ideais, renovação artística e intelectual.
Retorno à cultura greco-romana: Antigos valores são reaproveitados.
Racionalismo: O uso da razão, mais do que dos sentimentos.
Hedonismo: Os prazeres de viver a vida no dia-a-dia foram valorizados.
Neoplatonismo: Alguns valores da Igreja foram criticados e abandonados.
Chamamos de humanismo o movimento literário e cultural que fez reviver os estudos da literatura clássica grega e romana, indispensáveis para a formação do homem e para levá-lo a viver com sabedoria e harmonia em sociedade.
O interesse dos humanistas era fazer reviver e valorizar diferentes culturas, enfatizando o homem, a ponto desse movimento ser chamado de antropocentrismo, colocando o homem como centro dos interesses e atenções.
Os humanistas desprezaram alguns valores cristãos, embora fossem cristãos, e apenas desejavam dar uma nova interpretação às mensagens do Evangelho.
Os humanistas queriam a todo custo criar uma nova cultura: introduziram métodos criticos na leitura e interpretação de fontes, reconstruindo textos originais, eliminando deformações e omissões dos copistas medievais.
Muitas universidades foram fundadas, porém o ensino era ainda medíocre. Muitos príncipes, nobres e humanistas reuniram importantes obras manuscritas da Antigüidade, a preço de ouro, e juntos começam a formar grandes bibliotecas. Surgiram, também, associações culturais chamadas academias.
Renascimento literário
O papa Nicolau (1447-1455) reuniu no seu palácio mais de 5 mil manuscritos, que mais tarde viriam a formar a biblioteca do Vaticano, hoje uma das mais ricas do mundo.
A invenção da imprensa, em 1450, pelo alemão Johannes Gutenberg, foi responsável pela impressão da Bíblia e, dar por diante, surgiram muitos livros, facilitando o contato dos leitores com a cultura. Nesse meio tempo, os artistas italianos se entusiasmaram pela arte greco-romana e tentaram fazê-Ia reviver.
Grandes humanistas apareceram em toda a Europa e deram força ao movimento literário.

Itália
Dante Alighieri (1265-1321), escritor italiano. Participou da vida política da cidade de Florença, mas por motivos políticos foi exilado. Escreveu Divina comédia, que já foi traduzida em 50 idiomas. É uma das maiores obras da literatura universal. Na Divina comédia, Dante Alighieri descreve uma viagem ao além, narrando o inferno, o paraíso e o purgatório.
Francesco Petrarca (1304-1374), italiano, considerado o pai do humanismo. Estudou Direito na Universidade de Bolonha. Suas principais obras são Canzonieri, coletânea de poesias líricas, Epístolas (escritas em latim), A vida solitária e outras.
Giovanni Boccaccio (1313-1375) nasceu em Paris e morreu na Itália. Sua grande obra é Decameron. Satiriza os costumes da sociedade de seu tempo.
Nicolau Maquiavel (1469-1527), escritor e político italiano. Sua grande obra é O Príncipe; nela ele expõe sua doutrina política, conhecida pelo nome de maquiavelismo. Para ele, a arte de governar está na astúcia e na força; o chefe de Estado deve ser um "senhor absoluto" e utilizar todos os recursos e meios para atingir seus objetivos políticos.

França
François Rabelais (1494-1553), autor que pretendeu satirizar os costumes educacionais da época. Sua obra-prima, Gargântua e Pantagruel, é uma narrativa baseada em lendas populares francesas e nela Rabelais satiriza os costumes da época.
Michel Montaigne (1533-1592), escritor francês. Estudou Direito e sua principal obra é Ensaios. Nela, ele comenta e analisa o comportamento, as reações do homem e os problemas do seu tempo, tomando por base suas próprias experiências.

Inglaterra
Thomas Morus (1478-1535), estadista e religioso inglês. Foi político e homem de moral admirável. Sua obra-prima é Utopia. Com essa obra ele ficou conhecido em toda a Europa. É um romance político e social, no qual ele aconselha os homens a seguirem o Estado. O Estado é o bem comum e dele virá proteção e segurança para todos.
William Shakespeare (1564-1616), teatrólogo e poeta inglês, autor de mais de 40 peças, 154 sonetos e 2 poemas. Dentre as peças, destacamos: Romeu e Julieta, O mercador de Veneza, Sonhos de uma noite de verão, Macbeth, Rei Lear.

Espanha
Miguel de Cervantes (1547-1616). Sua obra-prima é Dom Quixote de La Mancha. Ela narra as desventuras de um cavaleiro arruinado, Dom Quixote, representando o sonho e a aventura, e Sancho Pança, seu fiel escudeiro, na sua simplicidade de homem do campo.
Dom Quixote é um livro que vai da dor ao prazer, do ridículo ao grandioso. É uma sátira à cavalaria medieval.
Lope de Vega (1562-1635), grande teatrólogo espanhol. Escreveu cerca de 1500 peças.

Portugal
Luís de Camões (1524-1580), filho de fidalgos. Viajou para as Índias, onde ficou muitos anos a serviço do rei de Portugal.
Sua grande obra é Os Lusíadas, publicada em 1572, dedicada ao rei Dom Sebastião. Deixou muitos sonetos e poemas líricos, além de algumas peças de teatro. Camões morreu mendigando para sobreviver, pobre e esquecido.
Gil Vicente (1470-1536), fundador do teatro nacional português. Foram várias as suas obras, como Auto da fúria, Auto da alma, Quem tem farelos?, A barca do inferno, Inês Pereira e tantas outras.

Holanda
Erasmo de Rotterdam (1466-1536), professor de grego e de Teologia na Universidade de Oxford. O pensamento de Erasmo se caracteriza por um enorme desprezo pelas lutas de religião. Sua principal obra é Elogio da loucura. Nessa obra ele satiriza a Igreja e a sociedade de sua época. É considerado o pai do humanismo moderno.

Renascimento artístico
A principal caracterfstica da pintura renascentista é a libertação. Os homens do Renascimento se sentiam o centro do Universo, expondo sua própria personalidade ao mundo que os circundava, procurando leis de equilíbrio e de harmonia para imitá-la na vida e na arte.
A renovação do humanismo e do Renascimento transforma convenções, idéias, ambientes e cria a base cultural que se irá manifestar na Idade Moderna.

Itália
Brunelleschi (1377-1446), escultor e arquiteto italiano. Além de erguer a Catedral de Milão, trabalhou também na Igreja de São Lourenço, no Palácio Pitti e na cúpula da Catedral de São Pedro, no Vaticano.
Foi ele quem descobriu as leis da perspectiva central, sendo esse um dos fatores que ajudou no desenvolvimento da arte italiana renascentista.
Leonardo da Vinci (1452-1519), italiano. Foi um famoso pintor, escultor, arquiteto, matemático, cientista, músico e inventor. Famosos são seus estudos sobre plantas, pássaros e anatomia do corpo humano, mesmo porque a Bíblia ensina que o homem foi criado à semelhança de Deus; por isso, para ele, as proporções humanas serviriam de modelo aos artistas.
Leonardo foi um gênio e um grande inventor: inventou a tecelagem mecânica, a força motriz do vapor, o pára-quedas e técnicas para aviação.
Na pintura, introduziu o esfumaçado na coloração. Delicado e gradual, ele partiu do claro ao escuro, da luz à sombra, como podemos observar nos retratos de Gioconda, da Virgem das Rocas e da Anunciação. Suas obras mais famosas são Santa Ceia e Gioconda (ou Mona Lisa).
Leonardo da Vinci não entendia a arte separada da ciência. A arte deve ter clareza, retratar as coisas belas da natureza e também revelar a mais intima e secreta das leis da ciência. Foi considerado uma das principais figuras da Renascença.
Ghirlandaio, nascido Domenico de Tomaso Bigordi (1449-1494), pintor italiano, Suas obras mais importantes são a Vida da Virgem, pintada na Igreja de Santa Maria Novella, e a Vida de São Francisco, pintada na Igreja da Santa Trindade, ambas em Florença, Itália.
Michelangelo Buonarroti (1475-1564), pintor, escultor, arquiteto e poeta italiano.
Estudou pintura com Ghirlandaio e escultura com Bertoldo. Foi um protegido de Lourenço, o Magnífico.
Esteve em sua arte constantemente preso ao pensamento da corrupção do mundo e da redenção do homem, por isso quase todas as suas obras exprimem tormento interior, sofrimento e trabalho.
A sua grandeza como pintor se faz presente nesta obra, pintada na Capela Sistina, contando a história do Gênesis e em torno do Juízo Final, obra máxima da arte religiosa no Renascimento.
Como escultor, o destaque fica para as suas estátuas Pietá, David e Moisés.
Na arquitetura, foi o criador da cúpula da Igreja de São Pedro.
Na poesia, deixou um livro denominado Rimas.
Rafael Sanzio (1483-1520), pintor italiano. Sua arte girou em torno de várias madonas com meninos. Este estilo o acompanhou por toda a sua trajetória artística.
Rafael e muitos outros artistas renascentistas tiveram o fundamento religioso nas suas obras.
Ele foi autor de várias obras e muitos afrescos pintados em vários quartos do Vaticano.
Tiziano Vercelli (1490-1576), pintor italiano.
Em 1516, foi nomeado pintor oficial da corte veneziana e, em 1548, foi nomeado conde palatino por Carlos V.
Suas obras mais importantes são: Retrato eqüestre de Carlos V, Adão e Eva, São João Batista no deserto e tantas outras.
Donatello, nascido Donato di Betto Bardi (1386-1466), escultor italiano, considerado o iniciador do realismo na escultura. Fez inúmeros trabalhos, encontrando-se os mais importantes em Florença, Pádua, Siena. Esculpiu bustos, madonas e cenas do Evangelho.
Sandro Botticelli (1444-1510), pintor italiano. Decorou a Capela Sistina, onde pintou as 24 figuras dos profetas, Cristo, atentado pelo demônio, o inferno dantesco. Pintou cenas mitológicas, sendo famosas as obras: O nascimento de Vênus e Alegoria da Primavera.
Bélgica
Rubens, nascido Peter Paul Rubens (1577), o maior dos pintores flamengos. Demonstra euforia da vida, as formas são livres, as pinturas femininas (as mulheres) são pesadas e as pinturas masculinas (os homens) são sólidas, bem constituldas.
Principais telas: Rapto das filhas de Leucipo, Rapto de Europa, Coração de Maria de Médicis e outras.

Espanha
Diego Velázquez (1599-1660), grande pintor espanhol. Autor de As meninas, Os bêbados, Esopo e tantos outros trabalhos.
Miguel Servet (1511-1553), médico espanhol. Dirigiu seus trabalhos em torno da circulação pulmonar.

França
Pierre Lescot (1515-1578), arquiteto francês. Foi o construtor da fachada ocidental do pátio do Louvre (Paris).

Alemanha
Albert Dürer (1471-1528), pintor alemão, autor de Adoração dos magos.

Renascimento científico

Polônia
Nicolau Copérnico (1473-1543), polonês. Seu trabalho girou em torno da revolução da órbita celeste. Ele contestava que a Terra fosse o centro do Universo e dava a idéia da teoria heliocêntrica.
Segundo Copérnico, o mundo material não possuia centro. Dessa forma, ele mostrou aos homens que as mesmas leis que regiam os fenômenos da Terra podiam ser aplicadas ao Universo.
Copérnico colocou o Sol, e não a Terra, como centro do Universo. Essa teoria se chamou heliocentrismo.

Inglaterra
Isaac Newton (1642-1727), matemático e fisico inglês.
Descobriu as leis da gravitação universal. O número de pesquisas e descobertas de Newton é muito grande.
Aperfeiçoou estudos sobre matemática. Esboçou idéias da ciência natural, ao definir os conceitos de massa, causa, força, inércia, espaço, tempo e movimento.
Descobriu as leis que regem o fenômeno das marés, aperfeiçoou a fabricação de lentes e espelhos. Trabalhou na decomposição da luz, criando o disco de Newton.
William Harvey (1578-1657), médico inglês. Ficou famoso pelos trabalhos de circulação sangüínea.

Itália
Galileu Galilei (1564-1642), italiano. Foi um grande pesquisador nas áreas de matemática, física, astronomia. Para ele, os corpos celestes deviam ser estudados e a Via-Láctea não dependia do nosso Sistema Solar. Estudou a aceleração nas quedas dos corpos e anunciou o princípio da inércia.
Foi perseguido pela Igreja porque suas teorias não estavam de acordo com os ensinamentos da Bíblia.

França
Ambroise Paré (1509-1590), francês. Fez notáveis trabalhos na medicina, em torno da cirurgia, e eles se tornaram importantes nos progressos médicos.
Seus grandes trabalhos foram em torno de fazer estancar hemorragias e ligação de artérias.
René Descartes (1595-1650), francês, filósofo, matemático, físico e astrônomo. Estudou com os jesuítas e saiu da França, ingressando como voluntário no exército de Maurício de Nassau.
Como filósofo, Descartes é chamado o pai do racionalismo.
Criou a geometria analítica e fez descober¬tas na física, escrevendo o tratado sobre a luz.
No campo da filosofia, escreveu vários livros, como Discurso do método, Meditações metafísicas.

Bélgica
Andreas Vesalius (1514-1564), médico belga. É considerado, dentro da medicina, o pai da anatomia moderna.

Alemanha
Johannes Kepler (1571-1630), astrônomo e cientista alemão. Estudou as leis dos movimentos dos planetas e conseguiu apresentar teorias sobre o planeta Marte. Suas leis são famosas dentro da física.

Conclusão
O Renascimento foi um fenômeno histórico que fez reviver valores, criar outros novos e trouxe o despertar de novos momentos na literatura, na arte e na ciência.
A sociedade da época aproveitou muito da cultura renascentista, que até hoje chega para nós. Foi o Renascimento, sem dúvida, o alvorecer da Idade Moderna.

Reforma e Contra-Reforma

A Reforma foi um movimento que surgiu dentro da Igreja Católica como resposta às dúvidas dos fiéis e às discussões religiosas. As idéias renascentistas valorizaram o homem e suas realizações, a expansão comercial permitiu o confronto de valores e culturas diversas e provocou um "repensar" crítico do mundo, até então dominado pelo clero romano. As alterações político-econômicas da época exigiam uma reformulação na estrutura social, mas a Igreja retardou sua ação, permitindo o aparecimento da crise nas idéias católicas.
No plano político, a autoridade papal (supranacional) interferia no poder do rei. A obrigatoriedade do consentimento do papa na administração dos soberanos ia enfraquecendo o poder deles sobre o Estado. A teoria do Estado independente de Maquiavel começava a frutificar.
No plano econômico, a Igreja continuava proibindo a usura (juros altos) e pregando a venda das mercadorias por um preço justo. Essa teoria era incompatível com o enriquecimento e a ascensão da burguesia comercial. Os negociantes queriam liberdade de preços para garantir a expansão de seus negócios e aumentar seus lucros.
Os camponeses, sem esperanças dentro de suas vidas miseráveis, queriam livrar-se das taxas impostas pelos grandes senhores e também do dízimo obrigatório cobrado pela Igreja.
Essa insatisfação era alimentada pela corrupção que se verificava nas ordens clericais. Como representantes de Deus, investidos de poder supremo sobre os homens, suas preocupações se restringiam à política, à guerra e às artes, ignorando a necessidade das almas que lhes cabia conduzir. A riqueza e o conforto em que viviam desagradava aos crentes, que desejavam uma religião mais próxima dos ensinamentos e exemplos de Cristo.

Precursores
A decadência moral dos sacerdotes favoreceu o aparecimento de numerosas seitas, que contestavam alguns dogmas católicos e propunham uma vida de desapego aos bens materiais. Entre estes, destacaram-se os valdenses (seguidores de Pedro Valdo) e os albigenses (da cidade francesa de Albi), que pregavam maior fratemidade entre os homens, uma vida mais humilde, com a divisão dos bens entre os membros de suas comunidades. Essas atitudes foram consideradas "heresias" e a Igreja, através dos tribunais da Inquisição, perseguiu e matou aqueles que se obstinavam em seguir essas seitas.
Outros pregadores, como o inglês John Wycliffe (professor em Oxford) e estudante tcheco John Huss, condenaram o poderio da Igreja, propuseram a secularização de seus bens e o acesso dos fiéis às escrituras. A morte de John Huss e do monge florentino Savonarola, líder político que criticou o humanismo renascentista e a corrupção do papa Alexandre VI, aumentou o conflito que se instalava entre os poderes dominantes na época.
Outro fator que desmoralizou a autoridade da Igreja Católica foi a crise do papado, que foi o controle que os reis franceses exerceram sobre o papa duranle o século XIV, com a transferência da sede do Vaticano de Roma para Avignon (França). Os demais países contestaram e a Igreja chegou a possuir dois pontífices: um em Roma e outro na França.
A Reforma de Martinho Lutero
Era bastante ruim a situação da Alemanha, no século XV. Sem um poder centralizado, dividida entre vários senhores feudais e praticando uma economia agrária, custava a desenvolver-se economicamente. O povo estava esmagado pelos tributos feudais e o dizimo. A Igreja recolhia ali inúmeros impostos e era proprietária de grandes extensões de terras.
A única consolação do povo era a fé. Mas como acreditar numa Igreja que vendia os cargos eclesiásticos a quem pagasse mais e que não escondia os filhos ilegítimos dos "celibatários" sacerdotes? E, pior do que tudo: oferecia o perdão dos pecados através do pagamento de bulas que comprovavam a absolvição do papa (indulgência).
A indignação aumentou quando o monge Tetzel foi à Alemanha para a venda de bulas, no intuito de arrecadar mais dinheiro para a construção da Basílica de São Pedro. Martinho Lutero, monge alemão, criticou os abusos de Tetzel e começou a denunciar publicamente a corrupção da Igreja Romana.
A preocupação de Lutero era com a salvação da alma, mas, perseguido e ameaçado de excomunhão, não recuou e expôs suas idéias na Catedral de Wittenberg (as 95 Teses de Lutero).
Lutero, contrariando a doutrina adotada pela Igreja Romana de que o homem se salva pelas boas obras, adotou as idéias de Santo Agostinho, "O homem se salva pela fé". Propôs uma igreja mais simples, onde o Evangelho fosse discutido pel os fiéis, que teriam a Bíblia traduzida no seu próprio idioma (O próprio Lutero traduziu a Bíblia para o alemão). Também era contrário ao celibato clerical e favorável a que as terras da igreja passassem a pertencer ao Estado. Sua doutrina diminuía consideravelmente o poder da Igreja e de seus sacerdotes.

Revoltas sociais
A doutrina luterana provocou uma divisão entre os nobres alemães, muitos deles ansiosos por se apoderar dos bens do clero, para aumentar seus domínios. O apoio desses nobres foi decisivo para que as idéias de Lutero prosperassem. Reunidos pelo imperador Carlos V (do Sacro Império Romano-Germânico) para que voltassem a fé católica, muitos nobres protestaram (daí o nome protestantes dado àqueles que aderiram à nova religião). Sem conseguir um acordo, o rei deu consentimento para que cada nobre escolhesse livremente sua religião. Os camponeses eram obrigados a adotar a religião de seu senhor.
Os pequenos nobres, animados com a perspectiva de mudanças e melhor divisão de riquezas, disputaram com os grandes senhores as terras anteriormente pertencentes a Igreja. Essa revolta dos pequenos cavaleiros foi rapidamente vencida pelos príncipes.
Ao mesmo tempo, surgiram líderes entre os camponeses. Baseados nas escrituras, queriam o fim dos privilégios feudais, o não pagamento de taxas consideradas abusivas e um tratamento digno. Os camponeses afirmavam que essa nova ordem era agradável e compatível com a justiça divina. As revoltas camponesas foram duramente criticadas por Lutero, que autorizou os nobres a combatê-las com rigor e violência, pois "não há nada mais daninho que um homem revoltado...".
Essa defesa dos interesses feudais fez com que o luteranismo fosse a religião dos grandes senhores, que passaram a ser os Iíderes espirituais da nova Igreja. A doutrina luterana espalhou-se pela Alemanha, Suécia, Noruega e Dinamarca.

Calvinismo
As idéias protestantes foram adotadas também na Suíça. Em Genebra, com a pregação de João Calvino, o protestantismo sofreu uma reformulação e maior radicalização.
Calvino desenvolveu a teoria da predestinação: Deus escolhe os eleitos segundo seu critério, para nós desconhecido, mas justo e infalível, ou seja, o homem nasce salvo ou não, e ocupar um alto posto ou enriquecer pelo trabalho eram sinais da escolha divina.
Para a cidade de Genebra, com um comércio desenvolvido e uma poderosa burguesia, essa doutrina significava o reconhecimento da riqueza e do trabalho dos negociantes como situação abençoada aos olhos de Deus.
Calvino tornou-se um autêntico líder político e estabeleceu, de maneira rígida, as regras a serem seguidas pelos calvinistas:
estudo e discussão do Evangelho;
igrejas sem ornamentos, como vitrais, música, imagens, pois estes atrapalhavam a concentração dos fiéis;
obrigação de levar uma vida de trabalho e austeridade, com a proibição de jogos de azar, cartas, bailes e teatros.
Em resumo: a conduta calvinista estimuiava a poupança e reduzia os gastos desnecessários. Essa teoria estava de acordo com a filosofia de vida dos burgueses que, enfim, possuíam uma religião que os valorizava.

Anglicanismo
A Inglaterra, sob o reinado de Henrique VIII, conheceu uma nova religião: anglicanismo, que reconhecia o rei como chefe supremo da Igreja e do Estado. O rompimento com o Vaticano deveu-se principalmente a fatores políticos: Henrique VIII desejava a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão, irmã do rei espanhol. Catarina havia se tornado estéril, sem ter deixado herdeiros masculinos para garantir a sucessão real. O monarca temia que, com sua morte, a Inglaterra passasse a ser dependente do poderoso império espanhol. A recusa do papa em dar o divórcio provocou a separação das Igrejas Romana e Inglesa, que ficou com as terras do Vaticano na Inglaterra e não pagou mais os dízimos obrigatórios.

Outras consequências
A partir dela surgiram novas igrejas protestantes: huguenotes (França), reformistas (Países Baixos), presbiterianos (Escócia) e puritanos (Inglaterra).
Essas igrejas aboliram a obrigatoriedade do latim nos ofícios religiosos, desconsideraram a autoridade papal, adotaram como válidos apenas dois sacramentos: o batismo e a eucaristia, acabaram com o celibato para os sacerdotes e permitiram a livre interpretação da Bíblia, aumentando a participação dos fiéis no culto (reuniões de oração e leitura). Criaram uma religião mais individual, em que os santos e os padres passaram a ser dispensáveis.

Contra-Reforma
Os movimentos protestantes diminuíram consideravelmente a influência da Igreja Romana em vários países e provocaram a perda de suas terras nesses domínios.
A expansão rápida do protestantismo e a pressão dos católicos para a moralização de sua religião fizeram surgir uma reação para afirmar o credo católico. Esse movimento foi liderado pela ordem dos Capuchinhos, que viviam na austeridade tradicional, e pelo cardeal Ximenes, da Universidade de Salamanca. Mas a Igreja só conseguiu reafirmar-se definitivamente após a promulgação das resoluções do Concílio de Trento (reunido entre 1545 e 1563 na cidade de Trento, na Itália), que estabeleceu:
Rejeição ao protestantismo.
Mnutenção dos sete sacramentos.
Obrigatoriedade do uso do latim na missa.
Manutenção do celibato para sacerdotes.
Fim da venda de indulgências.
Restauração dos tribunais da Santa Inquisição para julgamento de atos e idéias contrárias ao pensamento católico.
Reafirmação da doutrina de Boas Obras: o homem se salva pela fé e pela caridade que pratica.
Criação da Congregação do Índex, que censurava livros e espetáculos (determinando o que não devia ser lido ou visto pelos católicos).
Criação da Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola. Tinha por lema "lutar por Deus e pela cruz". Os jesuítas, formados dentro de rígida disciplina moral, atuaram decisivamente, combatendo o avanço do protestantismo. Através do ensino e pregação, destacaram-se também na evangelização das civilizações recém-descobertas no continente americano.
A reabilitação moral da Igreja deteve o avanço do protestantismo, mas não impediu a divisão de doutrinas. A partir da Reforma, o mundo não estava mais submetido à supremacia da Igreja Romana.
Primórdios do absolutismo europeu
Foi na parte política que houve as maiores transformações dos tempos modernos. Se observarmos bem, foi sempre a figura do rei que ficou em destaque em todo o curso da História, desde as velhas monarquias ocidentais e orientais até hoje. O rei sempre foi a autoridade máxima.
Ainda hoje, temos países em que o rei é o governante, como, por exemplo, entre outros, na Inglaterra e na Suécia, que são sistemas monárquicos modernos.
As causas gerais desse sistema de absolutismo em toda a Europa foram:
A influência do Direito Romano, que começou a se restaurar no século XII.
O prestígio da própria tradição feudal, com o rei concentrando todos os poderes.
A Igreja que, por fim, preferiu associar-se ao poder civil.
A criação de exércitos permanentes pelos reis, que proibiam guerra entre vassalos, cassando-lhes o direito de formar tropas e cunhar moedas.
O apoio que a burguesia, oprimida pela nobreza, deu aos reis.
A decadência da cavalaria feudal.
A ampliação do domínio real por alianças de famílias ou por conquistas.
Tudo isso levou à centralização monárquica, constituindo-se o novo absolutismo, desta vez esclarecido e progressista, fundado numa ordem política expressa na constituição do Estado moderno e na existência de uma nova entidade coletiva que, a partir de agora, ia formar a nação.
O rei passa a ser senhor absoluto, símbolo nacional. Ele e quem faz as leis, aplica a justiça, cuida das finanças e estabelece hierarquia de funcionários; enfim, ele é a fonte de todos os poderes.

Felipe II e o domínio espanhol na Europa
No ano de 1556, quando Carlos V decidiu abdicar do trono em favor de seu filho Filipe II, este herdou a coroa da Espanha, o ducado de Milão e o reino de Nápoles, os Países Baixos e as colônias americanas.
Era um domínio imenso para um jovem soberano, que tinha um autoconceito da própria autoridade real. Ele mostrou, desde os primeiros atos de seu governo, a firme decisão de concentrar em suas mãos o poder.
Filipe II, por trinta anos, reinou nesse vasto império, controlando pessoas e afazeres, até aqueles de menor importância. Tudo isso por um ambicioso programa de reconduzir a unidade do mundo católico sob o domínio da Espanha.
Na parte interna, sufocou revoltas regionais e perseguiu hereges, mouros e hebreus.
Na política externa, empenhou-se em defender a Santa Sé, levantar a bandeira do catolicismo em todos os países que estavam envolvidos em guerras de religião e lutar sem trégua para impedir o avanço dos turcos no mar Mediterrâneo.
Com a morte de Filipe II, no ano de 1598, pode-se constatar que bem pouco dos objetivos políticos por ele implantados durante anos, com profunda obstinação, tiveram efeitos satisfatórios. A Espanha, nessa época, acumulou metais preciosos, sua indústria ficou quase que paralisada e, assim, seus domínios foram ficando arruinados.
A Espanha estava esgotada pelas guerras, as quais foi submetida durante anos. Suas finanças fundamentavam-se na terra, na agricultura e na indústria, em plena decadência.
Enquanto isso, a Holanda e a Inglaterra se tornavam duas grandes potências navais. Nesse mesmo tempo, a França superava a crise de uma guerra civil e implantava suas bases para uma futura supremacia na Europa.

Formação dos Países Baixos
A Bélgica e a Holanda foram os primeiros Países Baixos a experimentar o peso da política autoritária de Filipe II e também os primeiros a opor forte e tenaz resistência a ele.
As inimizades, que já há tempos punham em choque a rica burguesia flamenga contra os exageros do fiscalismo espanhol, explodiram em uma revolta em 1566, quando Filipe II pretendia introduzir nos Flandres o Tribunal da Inquisição. Nobres, burgueses, populares, calvinistas e católicos se uniram em luta, que assumiu as características de uma guerra de libertação nacional.
No ano de 1579, sob a chefia de Guilherme de Orange, proclamaram sua independência e se constituíram na República das Sete Províncias Unidas, em 1581, formando a Holanda.
No ano de 1648, a Espanha se decidiu a reconhecer a independência dessa nova República.
A Holanda, em pouco tempo, havia se tornado uma grande potência marítima. Com uma frota de 20 mil embarcações, dominava o oceano e concentrava enorme quantidade de capital em seus bancos, tornando-se o maior centro monetário da Europa.
Porém, as lutas entre a Holanda e a Espanha ainda perduraram até 1648, quando chegou ao fim a Guerra dos Trinta Anos, que envolveu, no início do século XVII, a maioria das nações européias, por motivos políticos, econômicos e religiosos.
No ano de 1526, com ofensivas fulminantes, os turcos haviam conquistado grande parte da Hungria e chegaram quase às portas de Viena.
Na África, tornaram-se donos da Síria e do Egito e controlavam a Argélia, de onde partiam as frotas de piratas bárbaros para dominar os cristãos e escravizá-los.
Em agosto de 1571, uma frota veneziana caía prisioneira dos turcos otomanos, na ilha de Chipre. Os turcos ameaçavam tomar o Mar Mediterrâneo.
Filipe II havia iniciado uma luta contra eles. As lutas eram sem tréguas, feitas com armas brancas e sempre com represálias sanguinárias.
Foi no ano de 1571 que as potências cristãs resolveram se reunir sob a proteção do papa Pio V, na Liga Santa, e conseguiram defrontar-se com os turcos em uma grande batalha naval, no coração de seus domínios. No dia 5 de outubro de 1571, a frota cristã, composta de 208 navios, sob o comando de João da Áustria (irmão de Filipe II), se confrontou nas águas de Lepanto (na Grécia) com a frota turca, formada de 230 navios. A vitória dos cristãos foi triunfante.
A Batalha de Lepanto foi o maior evento militar do século XVI e pôs fim ao domínio turco no Mediterrâneo, que passou ao domínio espanhol.
Poucos anos depois, Filipe II obteve outro sucesso na política colonial. Em 1580, a dinastia portuguesa entregava, por falta de herdeiros diretos, a coroa de Portugal para a Espanha, e Filipe II ficou governando colônias portuguesas na Índia Oriental e na América do Sul. Foi a época do domínio espanhol no Brasil (1580-1640).
Os domínios espanhóis eram tão vastos que se dizia que neles "o Sol nunca se punha", pois se estendia do Oriente ao Ocidente.
Lutas político-religiosas na França

Noite de São Bartolomeu, 25 de agosto de 1572.
A França também sofreu a intervenção política e religiosa de Filipe II.
Esse país, cansado de longas lutas contra Carlos V, era palco de agitações e grandes contrastes sociais. A monarquia, aproveitando-se da crise, queria reslabelecer seus privilégios. Nesse clima de aguda tensão, o calvinismo renascia e ganhava força entre os artesãos, entre alguns elementos da pequena burguesia urbana e até das nobres famílias feudais. Porém, entre os camponeses, um grande massa não aderiu ao calvinismo e continuou fiel ao catolicismo.
Iniciou-se, assim, uma série de intermináveis guerras religiosas, que ameaçavam destruir a unidade política da França. Os católicos encontraram no Duque de Guise um capitão hábil e decidido. Os huguenotes (assim eram chamados os calvinistas franceses) insistiam para que os Bourbons, importante família da França, lutassem a seu lado.
Naturalmente Filipe II apoiou os católicos. Os huguenotes foram apoiados pela anglicana Elizabeth I da Inglaterra; eles faziam arruaças, invadiam igreja, destruíam imagens e matavam católicos.
Por mais de trinta anos (1562-1598), a França foi teatro de uma violenta guerra civil. O episódio mais trágico foi a Noite de São Bartolomeu (24 de agosto de 1572), quando milhares de huguenotes foram a Paris, convidados para o casamento do seu comandante, o capitão Henrique de Bourbon, com Margarida de Valois, irmã do rei Carlos IX.
Os huguenotes, atraídos ao palácio para a festa, foram massacrados enquanto dormiam. Outros milhares foram assassinados em praça pública, por ordem da rainha mãe, Catarina de Médicis. Ela estava convencida de que só liquidando os huguenotes poderia ser restabelecida a paz no reino.
A rainha convenceu seu filho Carlos IX a fechar os olhos diante desse plano de massacre, e Henrique de Guise preparou tudo para realizar o plano.
Na manhã de 24 de agosto de 1572, um domingo, a guarda real tomou posição diante do Louvre. Os calvinistas foram para lá saber do que se tratava, e bastou o primeiro tiro para dar início ao tumulto. A ordem do rei e da rainha era de matar só os chefes calvinistas, mas a população, fanática, juntou-se a eles, e a matança foi geral. Só pela manhã foram mortos mais de 2 mil huguenotes. Parece que o rei e a rainha, assustados com tudo aquilo, quiseram conter o massacre, mas a luta continuou até o dia 26 de agosto.
Foi o mais vergonhoso massacre religioso da história.
Os chefes protestantes que conseguiram salvar-se foram refugiar-se nos subúrbios de Paris.
Após o massacre de São Bartolomeu, católicos e huguenotes fizeram acordos de pouca duração.
Dois partidos surgiram: a Santa Liga do Duque de Guise e a União Protestante de Henrique de Navarra.
Havia entre os nobres franceses, Henrique III (rei da França na época) e o Conde de Guise, divergências religiosas. O rei Henrique III mandou assassinar o Conde de Guise e, em 1589, foi vítima do punhal de um fanático. Como não deixava herdeiros nem descendentes, foi sucedido por Henrique de Navarra, chefe do partido protestante, Rue subiu ao trono com o título de Henrique IV.
Henrique IV assumiu o trono e tornou-se católico, inaugurando a Dinastia dos Bourbons, que governou a França até 1792.
Para pôr fim às lutas religiosas internas, ele concedeu o Edito de Nantes (1598), um documento que concedeu a liberdade religiosa.
Com a paz interna, cresceu o comércio e a indústria na França.
O rei ganhou prestfgio e o absolutismo consolidou-se. Ele morreu em 1610, assassinado por um fanático católico.
A Inglaterra da rainha Elizabeth I

Elizabeth I.
Elizabeth I, a grande adversária de Filipe II, da Espanha, subiu ao trono após a morte de sua irmã, Maria, a Católica, que tinha deixado uma triste recordação a seu povo, pela crueldade de seu governo e pela perseguição aos protestantes ingleses.
A jovem rainha Elizabeth I esforçou-se para assegurar a paz religiosa e preservar seu país do fanatismo religioso que explodia em todo o continente europeu. Sob seu reinado, foi dada continuidade às obras de Henrique VIII.
Nos campos, surgiu uma nova classe de ricos proprietários, que investiam grandes capitais para ajustar a agricultura às novas exigências da indústria, Eles não se contentavam em produzir só para o próprio consumo; queriam produzir também para vender.
Com o grande consumo de lã, as terras e os campos foram usados para pastagem de ovelhas.
A Inglaterra abria novos mercados para os produtos de sua indústria e teve, desta forma, que aumentar a sua frota, formada de navios ligeiros e bem armados, que começaram a fazer a rota atlântica para quebrar o monopólio espanhol na América e dominar o comércio mundial.
Comércio e pirataria caminhavam passo a passo. Surgiram companhias de navegação, que trocavam produtos como a lã inglesa com cereais da Polônia e sedas do Oriente. A pirataria saqueava quem estivesse por perto.
Foi uma esquadra preparada por Filipe II, da Espanha, em 1587, para invadir e c nquistar a Inglaterra.
As duas potências estavam em luta desde meados do século XVI, com a pilhagem sistemática de colônias e navios espanhóis por corsários ingleses.
Divergências religiosas separavam a Espanha da Inglaterra. Além dessas divergências, explodiu uma guerra e, desde 1584, as relaçôes diplomáticas entre esses dois países ficaram cortadas.
Para quebrar o poderio inglês, Filipe II montou a Invencível Armada, formada de 135 navios, 2.000 canhôes, 10.000 marinheiros e quase 50.000 soldados. Era comandada pelo Duque de Medina-Sidonia. Em 1588, foi atacada por navios ingleses, antes de penetrar em águas britânicas. Após refugiar-se durante algum tempo em Calais, rumou para a Inglaterra, mas um violento temporal destruiu mais da metade de seus navios, e a esquadra voltou para a Espanha sem combater e quase sem embarcaçôes.
Com isso, a Inglaterra passou à frente da Espanha no poderio marítimo.

Absolutismo francês
O desejo de ordem e de unidade desenvolvido durante o século XVI levou povo a aceitar o espírito do absolutismo, no século XVII.
As pessoas julgavam que a concentração de poderes nas mãos de um só homem, o rei, seria o melhor caminho.
As multidões queriam ver no rei a imagem de Deus. O rei, para elas, deveria ser um herói, amante da glória, protetor das letras, mas sem esquecer a predileção pelas armas (visto que a qualidade de conquistador era estimada como a mais nobre e o mais elevado dos títulos por todos os contemporâneos).
A Guerra dos Trinta Anos reforçou enormemente o prestígio internacional da França. O povo vinha reclamando, questionando mudanças políticas.
O absolutismo francês compreendeu desde os reinados de Francisco I, e 1515, até o reinado de Luís XVI, em 1792.
Duas grandes dinastias estiveram reinando na França nesse período: a Dinastia Valois-Orléans-Angoulême e a Dinastia Bourbon.
A Dinastia Valois-Orléans-Angoulême compreendeu os seguintes rei Francisco I, Henrique II, Francisco II, Carlos IX e a regência da rainha mãe Catarina de Médicis e Henrique III.

Dinastia Bourbon

Henrique IV, o Grande

Henrique IV da França, o Grande.
Foi o fundador da Dinastia Bourbon. Em 1572, tornou-se rei de Navarra. Sua família era uma das mais importantes do país. Seu principal momento na vida política foi a assinatura do Edito de Nantes (1598), documento que dava liberdade religiosa para católicos e protestantes.
Foi um rei que mereceu o título de restaurador e libertador do Estado. Morre em 1610, assassinado por um fanático religioso.

Luís XIII, o Justo
Filho de Henrique IV, tinha apenas oito anos de idade quando o pai morreu.
A nobreza pensou em assumir o trono mas a rainha mãe Maria de Médicis assumiu a regência em nome do filho até que ele completasse a maioridade.
No ano de 1624 foi nomeado o cardeal Richelieu como primeiro-ministro com o apoio da rainha mãe Maria de Médicis.

Cardinal de Richelieu
O cardeal Richelieu tinha como nome de batismo Armand-Jean du Plessis. No governo da França, combateu as duas principais forças políticas: a nobreza e os protestantes.
Na política, envolveu a França em várias guerras e não pensou duas vezes quando teve que aliar-se aos protestantes contra a casa dos católicos de Habsburgo, que dominava grande parte da Europa.
Nessa fase, a França participou da Guerra dos Trinta Anos.
A França lutou contra a Áustria e teve alguns sucessos no início, mas depois foi ameaçada pelos espanhóis. A Espanha, aliada à Áustria, procurava destruir a França.
O cardeal Richelieu reprimia quem não concordasse com sua política.
Foi um lutador incansável pela melhoria dos portos e pela criação de companhias de comércio.
Com a morte do rei Luís XIII e de Richelieu, cabia o direito de governar a Luís XIV, que era ainda uma criança. Assumiu, então, a rainha mãe Ana da Áustria.
Ana da Áustria era esposa de Luís XIII. Eles tiveram um filho, Luís XIV. Com a morte do rei Luís XIII e do cardeal Richelieu, ela resistiu às pretensões da nobreza e nomeou como ministro o cardeal Jules Mazzarino, que ajudou a governar a França até a maioridade de Luís XIV.
Luís XIV, o Grande

Luís XIV da França.
Subiu ao trono da França em 1661, depois de anos da regência da rainha mãe Ana da Áustria e da morte do cardeal Mazzarino.
Nesse período, a França esteve no auge do seu esplendor absolutista.
Esse soberano fez por merecer o apelido de Rei-Sol. Ficou célebre por sua frase: L'État c'est moi ("O Estado sou eu").
A sua corte era organizada segundo as regras de um cerimonial complicado, que tinha seu centro na pessoa do rei, que era quase divinizado.


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